A vida é um ciclo e você tem responsabilidade por tudo que faz, porque as coisas voltam.
(Provérbio Oriental)
Nos últimos dias, tenho descrito alguns dos usos e costumes que ainda se mantém na aldeia que considero como a minha terra, o Sobral Magro.
Um dos costumes mais ancestrais eram as Janeiras, mas há muito entraram em desuso. Jóvens e crianças juntavam-se e percorriam a aldeia batendo de porta em porta, pedindo as Janeiras, esperando receber qualquer dádiva dos donos das casas. Quando havia quem tocasse uma concertina a alegria era redobrada.
Nessa altura,a serra era habitada por pessoas que viviam do amanho das terras.Terras que foram ganhas construindo socalcos nas vertentes dos montes. Era uma época de extrema dureza e alguma pobreza e, todos os bocadinhos de terreno eram aproveitados para cultivar o milho, o feijão e os produtos hortícolas de que as pessoas se alimentarvam ao longo do ano.
No entanto, havia agricultores que possuíam mais propriedades e plantavam algumas árvores de fruto. Nesta altura, uma simples peça de fruta era muito bem recebida por qualquer jóvem ou criança. Assim, eram as castanhas, nozes, laranjas, e às vezes um trigo (*) que faziam a alegria da miudagem.
No final, dividiam-se os produtos recebidos pelos elementos do grupo, que os ingeriam como se de uma iguaria se tratasse.
Nesses tempos, tudo o que fosse diferente do que se tinha no dia a dia era sempre muito apreciado e dava-se muito mais valor às mais pequeninas coisas.
Com o andar dos tempos, este costume foi acabando e, hoje em dia, com a população completamente envelhecida, extinguiu-se por completo.
(Imagem da Net)
(*) Trigo era um pão feito de farinha de trigo que era considerado uma iguaria, uma vez que, na região, o cereal que se cultivava era o milho, de que se fazia a broa.
O pão de trigo só chegava às famílias mais ricas da aldeia e era preciso que se deslocassem à sede de freguesia, ou então quando chegava algum familiar de Lisboa.
2 comentários:
Olá, M. Lourdes! Quero felicitá-la, pelas coisas que apresenta e a forma como as diz. Venho muitas vezes ao seu blog mas penso que nunca disse nada. O tema em apreço transporta-me à minha meninice. Os grupos de rapazes e raparigas da minha aldeia (Foz da Moura - Pomares, com muitos jovens naquele tempo, sempre cumpriamos a tradição das janeiras. Embora fosse mais um peditório do que cantar as janeiras. Era engraçado, então lá recebiamos os figos secos, as castanhas piladas, etc. etc. etc.
Continue, um bom ano de 2010.
Felicidades,
Belchior Madeira Antunes
Belchior
Agradeço a visita e o comentário que fez ao post que nos é familiar.
Volte sempre, será um prazer recebê-lo aqui aqui no meu cantinho.
Retribuo os votos de Bom Ano para si e para todos os amigos da Foz da Moura.
Beijinhos
Lourdes
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