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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Seixal II



Enquanto o barco sulcava as águas do mar da Palha, as imagens sucediam-se na minha lembrança.
Quando logo de manhãzinha chegava com os meus pais ao cais do Seixal,  tínhamos já  alguns familiares à nossa espera, para seguirmos para o mercado a fim de fazermos as compras para o almoço.
Na altura,  o mercado situava-se na zona ribeirinha, num edifício muito antigo. O barulho era  intenso. Os gritos dos pregões das varinas misturava-se com os dos pescadores que chegavam, com o peixe acabadinho de pescar.
Feitas as compras seguíamos para a casa onde residiam os meus familiares. Atravessávamos o Jardim e seguíamos junto aos muros da fábrica Wicanders, até virarmos à direita,  junto ao antigo cemitério,  a caminho do Bairro Novo.

- O Jardim do Seixal -

Logo que chegávamos o entusiasmo era enorme. Naquela época não havia possibilidades para grandes distracções e, era na família que se procurava a forma mais agradável de passar os dias de descanso. A  comida, a bebida e a boa conversa eram suficientes para animar a família. Cada qual contava as notícias que recebiam da "terra" e ficavam assim completamente informados do que se ia passando na aldeia diminuindo assim as saudades.
Os meus familiares,  viviam praticamente todos numas águas furtadas, onde os pequenos apartamentos eram ligados por um grande terraço, que era um espaço comum. Era nesse local que todos se juntavam e passavam as tardes de Domingo, sempre que o tempo o permitia.

- A rua onde morava a minha família no Bairro Novo -
Eu adorava estas visitas aos familiares do Seixal, onde  todos me acarinhavam. Eram  pessoas de poucas posses mas muito ricos de carinho e amor.  Um casal de primos da minha mãe tinha uma filha mais ou menos da minha idade com a qual eu me identificava bastante. Enquanto os adultos conversavam, nós passávamos   agradáveis tardes de tropelias e brincadeiras que jamais esquecerei. Já mais velhinhas, dávamos grandes passeios  fazendo as confidências próprias da idade, umas vezes   pela vila outras por uma estrada ladeada por idílicas quintas, a caminho de Paio Pires, sem sequer sonharmos que eu, alfacinha de gema, tinha o meu destino para sempre ligado ao Seixal. 

- Recanto numa das ruas do Seixal -

Os anos passaram e ao fim de dez anos a leccionar em várias escolas, no meu primeiro concurso para efectivação, fiquei colocada exactamente nesta localidade. Daí a mudar a residência para a margem sul  foi um pequeno passo e actualmente encontro-me a viver numa das freguesias que formam o concelho do Seixal.


- A escola onde me efectivei -


Obrigada pela sua visita. Volte sempre.



4 comentários:

alfacinha disse...

olá
a língua portuguesa não é fácil.Quando escrevo "Volto para casa ".Queria dizer :vou para o país onde me sinto em casa .Alias gosto muito de Seixal ,mas, é o meu problema ,gosto de tudo em Portugal
cumprimentos de antuérpia

Maria Rodrigues disse...

Amiga, adorei acompanhá-la nesta visita pelo Seixal e pelas suas memórias.
Tenha um maravilhoso fim-de-semana
Bjs do tamanho do infinito
Maria

Flora Maria disse...

Que lembranças gostosas...

E agora diga-me por que são chamados de alfacinha ? Não lembro se já lhe perguntei isso, mas sempre tive essa curiosidade.
Beijo

A. João Soares disse...

Amiga Maria de Lourdes,

Não podia deixar de apreciar estas suas lições de geografia sobre uma parte de Lisboa e o Seixal. As respectivas fotos são candidatas ao próximo álbum, estando à espera de outras para que fiquem muitas em saudável companhia.
Aprecio o seu gosto e a generosidade de nos brindar com as descrições e as imagens. Bem haja.

Beijos
João
Só imagens