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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A Bica: Brincadeiras de Antigamente

(Imagem da Net)

Continuo no meu bairro, desta vez para recordar as brincadeiras da minha infância.
No bairro predominavam as famílias humildes. Exceptuando um ou outro caso, todas viviam com dificuldades e os brinquedos não abundavam. Brincávamos muitas vezes ao "faz de conta" e, por isso, valorizavam-se as pequenas coisas.  Normalmente eu brincava com as vizinhas do apartamento do  lado esquerdo, no patamar da escada ou à janela com as vizinhas do prédio em frente. Como as ruas eram estreitas, falávamos e brincávamos de janela para janela, como se estivéssemos na mesma casa. 
Ao fim de semana havia menos trânsito de automóveis e as nossas mães permitiam que saíssemos para a rua enquanto elas nos vigiavam das janelas.  Jogávamos ao lencinho, à macaca, à barra do lenço, saltávamos à corda  ou fazíamos simplesmente danças de roda.

O meu vizinho, como era rapaz, brincava quase sempre na rua. Juntava-se com outros rapazes e saltavam ao eixo, jogavam à carica, ao "bilas" (berlinde), à bola (com uma bola de trapos), ou faziam corridas nas ruas e travessas mais inclinadas, com uns carros que eles próprios faziam,  com uma tábua e quatro rodas, parando no fundo da rua, usando os pés cujos sapatos ficavam  sem sola num ápice. Os mais endiabrados iam para o Largo do Calhariz, ou para a rua da Bica Duarte Belo, andar na "pendura" nos carros eléctricos ou do elevador.

(Imagem da Net)

Outros  momentos que recordo da minha infância passaram-se nos primórdios da televisão em Portugal. Raras eram as pessoas com possibilidades para ter uma TV em casa mas, nas tabernas e nalgumas pastelarias existia um aparelho. A minha mãe, de vez em quando, dava-me uma moedinha para eu ir com as vizinhas à Bicaense, onde assistíamos às séries mais populares da época. A Lassie, Bonanza, Dr. Kildare e outras deixavam-nos de olhos pregados no aparelho, enquanto comíamos tremoços e bebíamos um pirolito.

(Imagem da Net)
Mas, nas minhas recordações aparece agora o Jardim de Santa Catarina. Bem pertinho de minha casa, ali  passei muitas tardes a brincar com as minhas vizinhas, enquanto as nossas mães , sentadas num banco do jardim, conversavam e faziam renda ou tricô, à sombra  do Gigante Adamastor.
Muitas foram as vizinhas e mais tarde as colegas da escola que ali brincavam comigo e, dessa época, recordo para além da parte lúdica, a extraordinária vista que dali se desfrutava.


Ainda hoje quando vou ao bairro gosto de fazer uma visita ao Jardim. No entanto, o riso de meninos e meninas a brincar já não se ouve como outrora. Outros interesses despertam a curiosidade das crianças e os actuais frequentadores deste local também desmotivam as mães para ali se deslocarem com os filhos.


(Imagem da Net)



Obrigada pela sua visita. Volte sempre.

4 comentários:

Unknown disse...

Bons tempos e que belas recordações.
Por vezes até apetece dizer que hoje os meninos não sabem brincar.~
Jogos de consola, TV e pouco mais.

João Celorico disse...

Olá, Lourdes!
Das brincadeiras não posso falar muito porque na minha rua passava o eléctrico e o trânsito normal.
Do Jardim de Santa Catarina, como já deixei comentário noutro post, a memória é idêntica e tanto se brincava de dia como à noite (no Verão). Bastas vezes lá ia com o meu pai, depois do jantar. Mas, os tempos eram realmente outros. Agora, até de dia, não é muito seguro.
Abraço,
João Celorico

Maria Rodrigues disse...

Querida amiga, quantas recordações.
Eram outros tempos, em que brincar na rua era uma constante e só voltavamos para casa á noitinha, não havia medo de alguem nos fazer mal. Hoje o mundo mudou e com essa mudança surgiu também o receio de deixar as crianças andarem na rua, ficam em casa e as brincadeiras de outros tempos vão-se perdendo. É pena, pois como disse o amigo Luís, os meninos de hoje quase não sabem brincar.
bjs do tamanho do infinito
Maria

Flora Maria disse...

Velhos tempos, belos dias...
Com tão pouco, eram as crianças felizes, sem tv, e sem os brinquedos caros dos dias atuais.

Veja o blog do meu marido: www.marraioferidosourei.blogspot.com
onde ele conta as histórias da sua infância Na Era do Rádio.

Beijo