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domingo, 18 de janeiro de 2009

Torga e o Beirão



Não há melhor fragata que um livro para nos levar a terras distantes.
(Emily Dickinson)

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No seu livro PORTUGAL, Miguel Torga define, como ninguém, os beirões.
Hoje, deixo aqui um excerto desse livro, em que ele se refere em especial ao Homem do Açor.


… Não há casal, dos inúmeros que se espalham pela serra fora como pequenos rebanhos de ovelhas, onde não tenha nascido um desses homens sem brilho, apagados e humildes, que começam a tocar pífaro sobre uma lapa, e que às duas por três estão no Terreiro do Paço de aguilhada na mão.
Mas o beirão mais castiço e simpático não é esse ambicioso de poder e mando, quase sempre tão limitado psicologicamente como os seus nativos horizontes. É o que fica agarrado às berças, sepultado nos abismos do seu Piódão neolítico, e que todos os anos sobe ao Colcorinho para cantar na Senhora das Necessidades a canção do seu destino, íngreme como as encostas onde cultiva a esperança.
Toada que em nada lembra a que embala a Senhora do Almurtão, ou a que desperta o S. Bento da Porta Aberta — a Virgem insofrida das praganas da planície, e o Santo entorpecido da longa hibernação da montanha. Não. A Senhora das Necessidades ouve uma canção singela, nem muito quente nem muito fria, moderada e discreta como a da fé do romeiro.



As duas fotos que se seguem referem-se a romeiros de Sobral Magro, no alto do Monte do Colcurinho.



Da esquerda para a direita estão Maria Marques e filha Cidalina Marques, Maria Adelaide e filha Maria do Céu, Isaura Marques, Américo Cordeiro e Isilda Custódio (todos já falecidos).



Também pela mesma ordem, com a serra da Estrela como fundo, podemos ver José Coisinha, Ernesto Lopes e José Quaresma ( os dois últimos já falecidos).






4 comentários:

Anónimo disse...

Parabens pela linda musica.

Antonio Assunção

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Lourdes
Vim agradecer as palavras gentis de seu comentário e deixar aqui o que lá escrevi em resposta.

Há uma música muito linda de Tom Jobim e Vinícius de Moraes que diz - "que o poeta só é grande, se sofrer" - imagino que com isso eles tenham querido dizer que quando se está triste, a alma aflora em toda a sua sensibilidade. É bem mais fácil descrever a dor do que a alegria. Como, em contrapartida, é muito mais fácil viver uma alegria do que uma dor...

Assim, escreve-se melhor quando se está triste, porque escreve-se com a propria alma...
bjs.

ELISABETE FERRO disse...

linda homenagem a zona,como é linda a ideia de fotos antigas,sao postas certamente para relembrar essa epoca e mostrar para o futuro e dizer que é para a frente que se segue a viagem.parabens por o seu blog.acho que todas nos temos essa obrigaçao mesmo que,fazemos isto com prazer e sem obrigaçoes.continue com essa ideia maravilhosa.bjinho

Lourdes disse...

Elisabete
Adoro esta região e tenho prazer em a divulgar. Gosto também de recordar os antigos habitantes da região, que construiram a pulso o presente que hoje nós estamos a usufruir, para que nos lembremos que também temos obrigação de construir o futuro para as gerações vindoras.
Obrigada pelo comentário e volte sempre.
Beijinhos