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sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Funerais de Antigamente



Esquecer-se da morte e dos mortos é prestar um péssimo serviço à vida e aos vivos.

(Philippe Ariès)


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O acontecimento que me fez deslocar recentemente ao Sobral Magro, trouxe-me à lembrança os relatos que ouvi na minha infância, sobre os funerais de antigamente.
Numa época em que os habitantes da serra raramente saíam das suas aldeias, o dia em que se realizava algum funeral era quase um escape para se poder passar um dia diferente.
As aldeias despovoavam-se para acompanhar o falecido ao cemitério de Pomares, o único na freguesia até 1959, data da inauguração do cemitério de Sobral Magro.
O cadáver seguia num esquife, transportado pelos familiares e amigos, que percorriam a pé, a distância que separava a povoação de residência do falecido da sede de freguesia.

- Cemitério de Pomares -


Após o enterro, as mulheres seguiam para as suas aldeias; os homens reuniam-se nas tabernas de Pomares onde , por entre copos de vinho e bagaço, conversavam sobre os mais diversos temas.

Rodadas seguidas de rodadas e, muitas vezes, só ao anoitecer regressavam às suas casas. Demoravam muito mais tempo no percurso de regresso, pois alguns deles iam já completamente bêbados.

Era um dia de emoções contraditórias: a tristeza causada pela morte e a alegria do encontro com amigos, misturada com o exagero das bebidas alcoólicas.



2 comentários:

Anónimo disse...

A morte a morte
É desnorte
É saudade
Para esquecer
Bebe um copo
Perde o norte
Volta a beber
Diz mal da sorte
Diz mal da vida
Bebe outro copo
Volta a beber
Para esquecer
Pessoa amiga
Pára de beber
Pença na vida
Vai lutar
Vai esquecer
Vai trabalhar
Volta a cantar
Até um dia
O encontrar

António Assunção-Voz do Goulinho

Lourdes disse...

Muito a propósito este poema.