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sábado, 29 de maio de 2010

Sesimbra - Uma Lenda


Em Sesimbra, outrora habitada por Árabes, é natural que tenham nascido algumas  lendas, que foram passando de geração em geração.
Para terminar os postes que dediquei a esta vila minha vizinha, fica um slide com mais algumas imagens desta bela localidade e da sua costa acompanhando uma lenda que "pesquei" num blog da região.

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 Lenda da Princesa Moira
Numa noite de temporal, em que o ruído do mar se ouvia no castelo, em que os relâmpagos iluminavam os areais e a chuva fustigava tudo e todos, bateram a altas horas, à porta da humilde casa de uma parteira.
Era um homem a chamá-la para acudir a sua mulher que estava em trabalho de parto havia muitas horas e, segundo ele, estaria às portas da morte, lá para os lados da Pedra Grande.
A parteira disse que não poderia ir, pois o tempo estava horrível e ela nem sequer sabia para onde a ia levar e tinha medo.
Depois de muito tempo, comoveu-se com as súplicas do homem e lá o acompanhou.
Lá foram eles, pelo areal, encharcados e batidos pelo vento. Algumas vezes a mulher quis voltar para trás, mas o homem suplicava, chorava e prometia que ela seria a mulher mais rica do mundo se lhe salvasse a mulher e o filho, que era o primeiro.
Chegaram, por fim, à Rocha e o homem bateu como quem bate a uma porta.
A Rocha abriu uma passagem e a senhora viu-se dentro de um palácio, que diremos nós, das Mil e Uma Noites. Um luxo como ela não poderia imaginar, filha de gente pobre, analfabeta e cujos limites acabavam na linha do horizonte do mar de Sesimbra.
No meio do deslumbramento viu uma linda princesa moira que estava a dar à luz no maior desespero e sofrimento.
A parteira arregaça as mangas e vá de ajudar e fazer o que sabia. Passam horas de angústia, mas por fim, lá nasce um lindo menino. Choram todos de alegria e o pai leva a senhora a uma sala onde se amontoavam pedras preciosas, ouro, pratas e jóias. Perante o seu espanto, o homem disse-lhe que levasse o que quisesse, mas com a condição de que NUNCA dissesse o que vira e donde lhe vinha a riqueza.
A tempestade acalmara e o dia ia raiando quando a parteira saiu da Rocha e correu para casa como uma louca, para esconder o tesouro onde ninguém o visse, mas toda a gente a martirizava com perguntas a que ela durante muito tempo resistiu. Porém, não podendo mais ficar calada, confessou a uma das filhas o seu segredo.
Quando quis provar que tudo era verdade, foi buscar o tesouro e abriu o esconderijo, e viu pedras sim, mas de carvão!
Apesar disso, morreu velhinha, sempre a acreditar que conhecera uma Princesa Moira.



Obrigada pela sua visita. Volte sempre.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Pelos Caminhos de Portugal - Sesimbra 1

O  meu passeio por Sesimbra não ficou pelo que descrevi no post anterior. Tendo esta localidade  um porto de pesca muito importante, é frequente as pessoas dos arredores  deslocarem-se à lota, para comprarem peixe fresquíssimo acabadinho de chegar do mar.


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Mas, para além da  pesca profissional,  existem neste porto várias actividades recreativas e desportivas bastante interessantes, ligadas ao mar.


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Na época  em que leccionava no Miratejo, fui informada sobre a possibilidade de se fazerem visitas de estudo, numa embarcação de casco submerso transparente, onde se podia  de observar o fundo do mar com os peixes no seu habitat natural. Por razões de segurança, nem eu nem as minhas colegas nos aventurámos com as crianças e fiquei sempre com vontade de o fazer.  Naquela tarde, com as boas condições atmosféricas que se faziam sentir, era imperdoável não aproveitar a oportunidade para  satisfazer a minha curiosidade.
E lá fomos até ao porto, apanhar o barco que nos levaria num belo passeio de hora e meia, ao longo da costa.
No piso superior do barco pudemos observar a vila, as praias, as aves, as  arribas e alguns dos vários desportos náuticos, a partir do mar.

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Descendo ao piso inferior,  desfrutámos duma visão panorâmica do mundo submarino daquela zona. Por entre rochas e  areia, apareciam cardumes de várias espécies, que calmamente se afastavam da embarcação.
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Adorei este passeio e, por essa razão, hoje início de um  fim de semana, deixo a sugestão de uma visita a esta antiga vila costeira, situada a aproximadamente 30 Km de Lisboa, bem próxima do estuário do Sado, da Serra da Arrábida, do Cabo Espichel e da Lagoa de Albufeira, locais igualmente aprazíveis, que mostrarei numa próxima oportunidade .

Bom fim de semana!



Obrigada pela sua visita. Volte sempre.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Pelos Caminhos de Portugal - Sesimbra

É conhecida a minha paixão pela serra. No entanto, nascida e criada em Lisboa, o  mar exerce também sobre mim  uma forte atracção.   Antes de vir residir para Fernão Ferro, Sesimbra  era um dos locais que a família privilegiava para os passeios de fim de semana. Desde que mudei e apesar desta localidade ficar aqui bem perto,  nunca mais lá fui. Num dos últimos Domingos, e aproveitando um lindo dia de sol primaveril, resolvi com o marido, o filho e a nora ir lá passar  o dia.
À chegada, percebi que as alterações foram bastantes, mas em alguns casos de gosto bastante duvidoso. Situada na base duma colina encimada pelo castelo, a vila surge por entre abruptas escarpas rochosas, parecendo ali estar escondida,  aninhada junto ao mar.

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O castelo,   património nacional desde 1910, dá a sensação de proteger a vila dos ataques terrestres e a Fortaleza de Santiago,  dos ataques marítimos.
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Sesimbra sempre atraiu muitos turistas  e aquele dia não foi excepção, pois encontrava-se apinhada de pessoas que, tal como nós, quiseram tirar o melhor partido do dia.
E assim foi. Almoçámos no centro de Sesimbra, num pequeno e agradável restaurante. A gastronomia desta localidade piscatória baseia-se essencialmente no peixe e no marisco. Não resistimos a uma roda de marisco fresquíssimo e variado. Uma delícia!


Depois de almoço, obrigatoriamente tínhamos que fazer um  passeio à beira-mar, para ajudar a digerir o almoço. Foi um passeio muito agradável sentindo uma ligeira brisa marítima que o tornou ainda mais agradável.




Obrigada pela sua visita. Volte sempre.


quarta-feira, 26 de maio de 2010

A Carqueja


Nesta altura do ano, a minha serra encontra-se repleta de flores campestres.  As suas encostas apresentam  um vistoso colorido que faz bem aos olhos e  alegra a alma.
Na serra existem muitas espécies botânicas que, para além da sua beleza, durante muito tempo foram o primeiro recurso usado pelos seus habitantes, no tratamento de algumas doenças.  Longe do médico e da
"botica" e sem recursos para a eles recorrerem, usavam frequentemente a  flora endógena , pondo em prática o conhecimento passado de pais para filhos. Fazendo infusões,  inalações, cataplasmas,  lavagens e outros processos, utilizavam as diferentes plantas, conforme o tratamento que o seu problema necessitava.
Nos últimos tempos, mas por outras razões,  esta prática está de novo a ganhar muitos adeptos, tanto para tratamento como para prevenção de alguns problemas de saúde.
Aproveitando o facto de os arredores do Sobral Magro estarem em flor, Ana Teresa enviou-me fotos de algumas das espécies mais abundantes e mais usadas com  fins terapêuticos na aldeia.
Hoje a imagem representa uma delas:

A Carqueja


- Carqueja em flor -

Com as folhas deste arbusto, pode fazer-se um chá que é considerada uma boa ajuda na digestão,  utilizado-se para resolver  problemas de fígado, estômago e intestinos. É também  diurético e há quem o utilize para reduzir o peso e, se em vez das folhas utilizar  a sua flor, obterá uma boa  ajuda no combate da diabetes e das constipações.






Obrigada pela sua visita. Volte sempre.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Um Soneto de Antero de Quental


A um Crucifixo

Há mil anos, bom Cristo, ergueste os magros braços
E clamaste da cruz: há Deus! e olhaste, ó crente,
O horizonte futuro e viste, em tua mente,
Um alvor ideal banhar esses espaços!

Por que morreu sem eco, o eco de teus passos,
E de tua palavra (ó Verbo!) o som fremente?
Morreste... ah! dorme em paz! não volvas, que descrente
Arrojaras de novo à campa os membros lassos...

Agora, como então, na mesma terra erma,
A mesma humanidade é sempre a mesma enferma,
Sob o mesmo ermo céu, frio como um sudário...

E agora, como então, viras o mundo exangue,
E ouvirás perguntar — de que serviu o sangue
Com que regaste, ó Cristo, as urzes do Calvário? —



Antero de Quental






Obrigada pela sua visita. Volte sempre.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Genealogia


Sabedora do meu interesse pela genealogia, uma amiga enviou-me há dias um e-mail que,  a propósito da promulgação pelo Sr. Presidente da República dos casamentos entre indivíduos do mesmo sexo, resolvi partilhar com os leitores d' O Açor.



- Mãe, vou casar!

- Jura, meu filho ?! Estou tão feliz ! Quem é a moça ?
- Não é moça. Vou casar com um moço. O nome dele é Murilo.
- Você falou Murilo... Ou foi meu cérebro que sofreu um pequeno curto circuito psicótico?
- Eu falei Murilo. Porquê, mãe? Está acontecendo alguma coisa?
- Não, nada.. Só que minha visão ficou um pouco turva e meu coração quase deu uma parada. Mas estou ficando bem.
- Se você tiver algum problema em relação a isto, é melhor falar logo mãe!
- Problema ? Problema nenhum. Só pensei que algum dia ia ter uma nora...
- Você vai ter uma nora. Só que uma nora meio macho. Ou um genro meio fêmea. Resumindo: uma nora quase macho, tendendo a um genro quase fêmea...
- E quando é que eu vou conhecer o meu.. a minha... O Murilo ?
- Pode chamar ele de Biscoito, mãe, é seu apelido.
- Tá ! Biscoito... Alguém com esse apelido só pode ser uma pessoa bacana.
- Quando é que o Biscoito vem aqui ?
- Por quê ?
- Por nada. Só pra eu poder preparar seu pai com antecedência.
- Você acha que o Papai não vai aceitar ?
- Claro que vai aceitar! Lógico que vai. Só não sei se ele vai sobreviver... Mas isso também é uma bobagem. Ele morre sabendo só que você achou sua cara-metade...
- Mãe, que besteira, hoje em dia praticamente todos os meus amigos são gays.
- Só espero que tenha sobrado algum que não seja... pra eu poder apresentar pra tua irmã. .
- A Bel está namorando?! Ela não me falou nada... Quem é?
- Uma tal de Veruska.
- Como ?
- Veruska...
- Ah!, bom! Que susto! Pensei que você tivesse falado Veruska.
- Mãe !!!...
- Tá... tá... tudo bem, se vocês são felizes. Só fico triste porque não vou ter um neto...
- Por que não, mãe ? Eu e o Biscoito queremos dois filhos. Eu vou doar os espermatozóides. E a ex-namorada do Biscoito vai doar os óvulos.
- Ex-namorada? O Biscoito tem ex-namorada?
- Sim, quando ele era hetero... A Veruska.
- Que Veruska ?
- Namorada da Bel...
- "Peraí", a ex-namorada do teu actual namorado é a actual namorada da tua irmã, que é minha filha também, que se chama Bel? É isso? Perdi-me um pouco...
- É isso, sim. A Veruska doou os óvulos. E nós vamos alugar um útero.
- De quem ?
- Da Bel.
- Mas, logo da Bel ?! Quer dizer então que a Bel, minha filha, tua irmã, vai gerar um filho teu e do Biscoito com o teu espermatozóide e com o óvulo da namorada dela, que é a Veruska...
- É isso mesmo.
- Minha nossa, essa criança, vai ser então tua filha, filha do Biscoito, filha da Veruska e filha da Bel.
- Sim, em termos...
- A criança vai ter então duas mães : você e o Biscoito. E dois pais: a Veruska e a Bel.
- Por aí...
- Por outro lado, a Bel... além de mãe, é tia... ou tio.... porque é tua irmã!
- Exacto. E para o ano que vem vamos ter um segundo filho. Aí o Biscoito é que entra com o espermatozóide. Que dessa vez vai ser gerado no ventre da Veruska... Com o óvulo da Bel. A gente só vai trocar.
- Só trocar, não é ? Agora o óvulo vai ser da Bel e o ventre da Veruska...
- Exacto!
- Agora eu entendi! Agora eu realmente entendi...
- Entendeu o quê mãe?
- Entendi que é uma espécie de 'swing' dos tempos modernos!
- Que swing, mãe?!!....
- É 'swing', sim! Uma troca de casais, com os óvulos e os espermatozóides, hora no útero de uma, hora no útero de outra...
- Mas...
- Mas nada! Isso é um bacanal de última geração! E pior ainda com incesto no meio...
- A Bel e a Veruska só vão ajudar na concepção do nosso filho, só isso...
- Sei!!!... E quando elas quiserem ter filhos...
- Nós ajudamos.
- Quer saber? No final das contas não entendi mais nada. Não entendi quem vai ser mãe de quem, quem vai ser pai de quem, de quem vai ser o útero, o espermatozóide... A única coisa que eu entendi aqui é que...
- Que.. ?
- Fazer árvore genealógica daqui pra frente, com os casamentos gay, vai ser muito difícil!

Espero não ferir susceptibilidades com este post, mas uma coisa é certa, vai mesmo ser mais difícil.




Obrigada pela sua visita. Volte sempre.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Memórias de Infância


Logo após o meu nascimento, os meus pais tentaram alugar uma casa nas imediações da pastelaria. Os tempos eram difíceis, poucas mulheres trabalhavam fora de casa e era difícil um homem ganhar o suficiente para pagar a renda da casa e alimentar a sua família condignamente. Além disso, com a aquisição da quota da Bijou, os meus pais ficaram com uma dívida que teriam também que pagar.
Mesmo assim, ponderados os prós e os contras, alugaram um pequeno apartamento numa rua próxima da pastelaria. Não havia necessidade de gastos com transportes. A minha mãe bem como as outras senhoras casadas com os outros sócios ajudavam, em casa, fazendo panos, aventais, atoalhados e na lavagem dos mesmos. Em épocas de maior intensidade de trabalho como eram os casos do Natal, da Páscoa e da compra de frutos para conserva, davam também uma ajuda na pastelaria.


- Foi neste prédio, no bairro da Bica, que fui criada -


Sempre que a minha mãe precisava de fazer compras deixava-me com o meu pai e, na Bijou, sentia-me acarinhada por todos. Os sócios eram para mim parte da minha  família e os empregados eram os meus amigos. Gostava muito de limpar tabuleiros, colocar as bases e as cintas nos aros dos bolos de arroz, de fazer caixas artesanais com papel manteiga,... 
 Na altura as pessoas começavam a trabalhar ainda muito novinhos e na Bijou  havia sempre um ou mais  rapazes, quase sempre oriundos da aldeia, que começavam desde cedo a aprender o ofício. Era com eles que eu passava os melhores momentos. Localizada numa das zonas históricas da cidade, rodeada de vários palacetes, a Bijou tinha uma clientela de elite. Esses rapazinhos tinham a seu cargo, entre outros trabalhos, a entrega ao domicílio de artigos que se vendiam na pastelaria e eu acompanhava-os frequentemente. Fora da vista dos patrões, eu era cúmplice das suas brincadeiras. Fazíamos  tropelias que ainda hoje me fazem corar e pensar como  é que as caixas chegavam inteiras ao seu destino.
Não tinha grandes brinquedos, não tinha ainda televisão,  mas qualquer coisa  servia para fazer uma brincadeira e era feliz assim. 
E foi assim  o meu início de vida, entre a minha casa e a Bijou.



Obrigada pela sua visita. Volte sempre.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Giestas



 Giestas


D'entre a paz que há na terra
Quando a noite flutua
Brilha a giesta na serra
À luz branca da lua

 

Sobre a serra sem lamentos
A giesta vive só
Sacudida pelos ventos
E coberta pelo pó

 

É bravia mas encerra
No seu todo de humildade
A modéstia desta terra
do amor e da saudade

Mesmo quando já não presta
E o inverno é de tremer
Aproveitam-se as giestas
P'ros velhinhos aquecer

E as fagulhas crepitando
Na braseira incendiada
Ainda estão como evocando
Da giesta a flor doirada




Foto: Ana Teresa

Obrigada pela sua visita. Volte sempre.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Romaria da Nª Sª das Necessidades



O mês de Maio é apelidado de várias formas, sendo uma delas o mês das flores.
Neste momento, a nossa serra é um exemplo disso, pois encontra-se  coberta de  mato florido, numa cambiante de cores vistosas e variadas. 


- A serra em flor -

No próximo  fim de semana, a minha sugestão de passeio vai para a serra do Açor, onde para  além do magnífico espectáculo que a natureza  oferece,  poderá  assistir no próximo Domingo, a uma  romaria que em tempos foi  muito conceituada. Embora esta  romaria conhecida por  Nossa Senhora das Necessidades,  Nossa Senhora do Cabeço ou Nossa Senhora do Colcurinho  já não tenha o brilho de antigamente, continua a levar até ao alto do monte do Colcurinho muitos fiéis das terras em redor.
A ermida, localizada num dos pontos mais altos da serra do Açor,  onde as três Beiras (Alta, Baixa e Litoral) se encontram, é sobejamente conhecida na região.


- Ermida de Nª Sª das Necessidades -
(Foto: Voz do Goulinho)

Pelas 11h, poderá tomar parte na Santa Missa e de seguida participar na  procissão em volta do cume  do monte.
Se levar o seu farnel, será uma óptima oportunidade de saborear os seus petiscos ali, bem pertinho do céu, tendo a seus pés uma paisagem de cortar a respiração.
A parte recretiva da romaria desenrolar-se-á mais abaixo, no recinto do Santuário de Nossa Senhora das Preces, no Vale de Maceira, onde estarão presentes vários tocadores  com guitarras, concertinas e cantares ao desafio, o conjunto Sons da Terra  de Cabeçadas e  a Filarmónica Fidelidade de Aldeia das Dez que, de certo, irão dar uma maior animação aos festejos. 
Espero que o tempo esteja também em festa e colabore com um belo  dia de Primavera.


Obrigada pela sua visita. Volte sempre.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Os Melros do meu Jardim

Nestas últimas semanas tenho vivido uma grande paixão com uma família de  melros que fizeram o ninho na sebe do meu jardim. Há tempos mostrei aqui o macho no ninho a chocar os seus ovinhos. Depois, todos os dias os visitava logo de manhã. Ora o macho ora a fêmea lá estavam no ninho numa imagem ternurenta que registei várias vezes. Logo que nasceram as pequenas avezinhas,fotografei alguns momentos do seu desenvolvimento, sempre sob o olhar atento dos pais.
Mas como todas paixões, esta também foi  efémera. Hoje, ao chegar junto do ninho, os pequenos melros saltaram e desapareceram por entre os arbustos. A mãe  voou de imediato, piando e fazendo grande algazarra, no local onde os filhotes se abrigaram. Fiquei triste porque acho que fui eu que os assustei e, de vez em quando, ia espreitar para ver o que estava a acontecer. Os pequeninos nunca mais os vi  e os pais via-os  a esvoaçar, junto ao local. De vez em quando a fêmea poisava no chão , onde andava a saltitar perdendo-se por entre a vegetação.
Agora que os jovens melros se encontram entregues à sua sorte e, com muita  pena de não ter uma boa máquina  e de não ter mais conhecimentos de fotografia, deixo-vos com algumas imagens desta família.
- O macho no ninho -


- Os pequenos melros após o  nascimento -

- A fêmea com um filhote -

- As avezinhas já com penas -


   - Os melrinhos aguardam a comida -



Obrigada pela sua visita. Volte sempre.






segunda-feira, 17 de maio de 2010

Momentos Tristes



Estou completamente consternada.
Ainda não estava recomposta dos problemas de saúde que está a viver actualmente uma conterrânea minha,  e já tive notícia que uma  companheira de brincadeiras de criança e de adolescente,  está a enfrentar momentos muito difíceis.
Após vários problemas graves de saúde que foi vencendo, esta última  foi ontem vítima dum AVC e encontra-se no hospital a lutar pela vida. Esta amiga, tem enfrentado  ao longo da sua vida problemas de doença muito idênticos aos que a minha mãe enfrentou e, talvez por isso, estou a sentir  intensamente tudo aquilo por que está a passar. Também a minha mãe era muito nova, quando, após muitas lutas, foi vítima desta doença. Também ela esteve entre a vida e a morte e, só após  uma operação, conseguiu melhorar.
À primeira, desejo que consiga superar as novas dificuldades e  refazer a sua vida, adaptando-se às condicionantes que agora tem que enfrentar. A esta última, faço votos para que  consiga vencer mais este precalço que a vida lhe preparou.
Não vou adiantar muito mais sobre este assunto, pois respeito a  privacidade das respectivas famílias. No entanto,   não podia deixar de manifestar a minha solidariedade para com elas, pois  estão a viver momentos angustiantes, que tão bem conheço.



Minhas amigas, as minhas orações estão viradas para vós.
 Força! A nossa aldeia está à vossa espera.

Foto: Ana Teresa


Obrigada pela sua visita. Volte sempre.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Pelos Caminhos de Portugal - Óbidos



Chegámos ao fim de semana e, segundo as previsões, avizinham-se uns dias bastante agradáveis. Para os aproveitar, nada melhor que um passeio pelo nosso bonito país que tem sítios de grande beleza  e onde podemos desfrutar de bonitas paisagens ou de recantos que nos recordam um pouco da nossa história. 
Hoje sugiro uma das mais bonitas vilas portuguesas - Óbidos.


- Perspectiva da vila a partir das muralhas do castelo -

 Célebre pelas diferentes festas temáticas que ali se realizam ao longo do ano, como são os casos da Feira do Chocolate, a Feira Medieval, Óbidos-Vila Natal e outras, é fora destes grandes eventos que melhor  podemos apreciar a vila, o castelo, as igrejas e paisagens ou calmamente deliciarmo-nos  com a saborosa ginjinha típica da região.
A origem desta vila remonta ao século I, à cidade de Eburobrittium. Vários foram os povos que por ali passaram e deixaram a  marca das suas civilizações.
A vila foi conquistada aos Mouros, com a tomada do castelo em 1148 por D. Afonso Henriques e doada à rainha D. Urraca pelo rei D. Afonso II.



- Painel de Azulejos, na Porta da Vila -


A vila situa-se no interior das muralhas do castelo e logo à entrada, na Porta da Vila, somos recebidos por um  lindo painel de Azulejos do séc. XVIII e capela-oratório com varanda do século XVII.
Depois caminhamos por uma sucessão de  ruas, ruelas e escadinhas calcetadas , ladeadas por  casas  típicas muito bem preservadas, pintadas de branco com barras azuis ou amarelas e candeeiros antigos fixos nas esquinas. Muitas delas têm as janelas e varandas enfeitadas com vasos floridos e, junto à porta,  surgem frequentemente lindas buganvílias que trepam pelas paredes, numa profusão de folhas verdes e coloridas que conferem  uma maior beleza às ruas.


- O Castelo -

Por toda a vila podemos encontrar várias igrejas e capelas, das quais destaco  a Igreja Matriz de Santa Maria.

No vale situado ao fundo do castelo, existe também um bonito Santuário de forma hexagonal que merece também uma visita. É dedicado ao Senhor da Pedra e ali se realiza uma romaria no dia  28 de Maio.



- Santuário do Senhor Jesus da Pedra -

Esta é realmente uma vila muito bonita, onde se respira um ambiente medieval, mas  só com uma visita ao local se pode imaginar a beleza de mais este recanto do nosso Portugal.


Obrigada pela sua visita. Volte sempre.













quinta-feira, 13 de maio de 2010

Dia da Espiga



Com as comemorações do 13 de Maio, este ano quase me esquecia do Dia da Espiga.
As datas coincidiram e só há pouco me lembrei que hoje foi Quinta Feira da Ascensão.
Antigamente, este era um dia de muita animação pois muitas pessoas iam para  o campo apanhar flores (malmequeres e papoilas), espigas e raminhos de oliveira.
Cada um destes elementos  tinha um significado:
As espigas para que nunca faltasse o pão, isto é, para que houvesse sempre comida. O raminho  de oliveira para  pedir a paz  e para que nunca faltasse a luz (divina). Folhas de videira  para haver sempre vinho e alegria. As flores  diferiam na sua simbologia. O malmequer significava ouro e prata; a papoila, amor e vida;  o alecrim, saúde e força...
O ramo era guardado ao longo de todo o ano, até ao Dia da Espiga seguinte, muitas vezes pendurado atrás da porta.
Hoje em dia, este costume caiu em desuso e só em algumas zonas rurais se pratica esta tradição. Nas grandes cidades,  há vendedores ambulantes que  vendem uns raminhos que colhem antecipadamente, aproveitando a data para ganhar algum dinheiro. É esta a forma de alguns poderem manter uma tradição ancestral.


- O ramo da Espiga apanhado hoje -
 
Fotos: Ana Teresa.
 
 

Obrigada pela sua visita. Volte sempre.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Fátima em Poesia


Mais um dia acompanhando a visita papal através da comunicação social deambulando pela internet. Foi aqui que encontrei o soneto que  transcrevo a seguir e que achei oportuno.


Fátima

Acendemos as velas da penitência
Que ardem no meio das chamas
Acalmando a nossa consciência
Tanto sofrimento; tantos dramas

O sofrimento esbate a clarividência
Por um milagre esperas e clamas
Perdida a esperança na ciência
Resta a fé e Deus que tanto amas…

E se milagres da fé, na fé se derem
Coxos a correrem e os cegos a verem
Logo ali prometemos voltar…

Pisaremos descalços com um sorriso
Estradas, caminhos… o que for preciso
E regressamos a Fátima para rezar


Rogério Martins Simões




Obrigada pela sua visita. Volte sempre.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Visita de Bento XVI a Portugal



Hoje, o dia foi passado em frente à televisão, acompanhando o início da visita do Papa Bento XVI a Portugal.
Este não foi um Papa com o qual simpatizasse de início.  Parecia-me uma pessoa muito altiva e distante. Com o passar dos tempos tenho vindo a modificar a minha opinião e hoje fiquei praticamente rendida. Só não fiquei totalmente, porque a imagem doce de João Paulo II permanece muito presente.
Foi com um sorriso simpático que saiu do avião e cumprimentou as personalidades que o  aguardavam e  foi com o mesmo sorriso que cumpriu o vasto programa  deste dia passado em Lisboa.


De  todas as cerimónias em que participou, a Santa Missa realizada no Terreiro do Paço, foi sem dúvida o momento alto do dia, sendo uma enorme manifestação de fé do povo português.
De realçar os cânticos primorosamente entoados por representantes dos coros das igrejas de Lisboa.
O senhor Cardeal Patriarca de Lisboa entregou ao Papa uma relíquia autêntica de São Vicente, padroeiro da cidade e o Sumo Pontífice retribuiu com a oferta de um Cálice.
A visita do Santo Papa continuará amanhã, partindo da parte da tarde, de helicóptero, do Aeroporto Internacional da Portela de Lisboa para Fátima, onde irá presidir às celebrações do 13 de Maio.
Finalmente no dia 14,  partirá de novo de helicóptero para o Porto, onde terminará esta visita o nosso país.



Imagem: http://www.cancaonova.pt/



Obrigada pela sua visita. Volte sempre.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Melros Novos



Há alguns dias  interrompi as postagens nos meus blogues. Com a chegada de dias menos chuvosos, impunha-se uma revisão geral na casa, vestuário e jardim. Assim, tenho estado a aproveitar o tempo para organizar aqui em casa, a próxima estação.
Entretanto, tenho novidades. Já nasceram os melrinhos do ninho da sebe do jardim. Um dia destes, aproveitando a saída da "mãe melro" do ninho, subi ao escadote e deparei com estas pequenas avezinhas.


Ainda depenadas, ali estavam completamente indefesas. Tirei a fotografia e, logo que me afastei, a mãe voou para o ninho para proteger as suas crias.
Agora estou preocupada. Não tarda muito para os pequenos melros começarem a voar e, a proximidade das minhas cadelas, torna-se um perigo para as avezinhas. 


Obrigada pela sua visita. Volte sempre.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Sabores da Aldeia

A sopa está para o jantar como o portal para um palácio.
(Alexandre Grimod de la Reyniëre)

Há dias comecei a escrever  sobre a alimentação na aldeia em tempos passados porque, enquanto preparo as minhas refeições, penso muitas vezes nos sabores de antigamente.
Hoje ao fazer a minha sopa, recordei com saudades a da minha avó. Tinha  um sabor que eu nunca consegui esquecer. Não sei se por ser muito mais demorada, se pelos utensílios utilizados, se pelo combustível ou se pelos ingredientes, eu nunca consegui fazer uma sopa com um gostinho como a dela.
Lembro-me bem de chegar à fazenda e vê-la a acender a fogueira. Era um ritual que nunca esqueci. Acendia um fósforo e ateava o lume a umas chamiças* que colocava junto a duas ou três pinhas, encaixadas entre alguns gravetos* e torgas* secas. Colocava junto ao fogo uma panela de ferro com água,  feijão e um naco de carne, que ali permanecia até o feijão ficar totalmente cozido. Mais tarde, juntava também algumas batatas. Enquanto acabava a cozedura, ia apanhar algumas folhas de couve. Eu acompanhava-a e, de vez em quando,  ela ensinava-me quais as folhas da couveira que eu devia cortar. Depois, passávamos pela levada onde passava a água da rega e aí eram escolhidas e lavadas as folhas. Por vezes, ela brincava comigo assustando-me, quando aparecia alguma lagarta. Outras vezes via-a a bater as folhas numa pedra.

(Imagem da Net)

De novo junto da fogueira, ela enrolava as folhas na mão e migáva-as para dentro dum alguidar de barro e, quando o feijão e as batatas já estavam bem cozidos, enchia uma colher de pau com aquela mistura que esmagava com a ajuda de um garfo. Era um processo que demorava algum tempo, pois não havia passe-vite e, como não havia electricidade ninguém  sonhava com  varinha mágica.
Depois de tudo esmagado, juntava então as couves migadas, e espertava o fogo para  a panela levantar fervura e cozinhar a hortaliça.
Depois era só aguardar a chegada do meu avô para me deliciar com uma malga daquela sopinha forte e gostosa cujo sabor jamais esquecerei. 


Nota:
Para os seguidores do blog que não conhecem alguns dos termos línguísticos utilizados na aldeia da minha mãe, durante o século passado, aqui deixo o significado de alguns.
* chamiças- mato seco que servia de acendalha
   gravetos - troncos finos das árvores usados para acender a fogueira
   torgas - raiz de urze seca, boa para arder
   malga - tigela

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domingo, 2 de maio de 2010

Dia da Mãe

Se bem conhecessem as mães quanto valem as carícias maternas, quanto as apreciam os tenros corações de seus filhos, se elas as soubessem guardar e empregar sem capricho nem cegueira, nenhum meio mais forte e seguro para pena ou prémio teria a educação.
( Almeida Garrett )


Mãe que Levei à Terra


Mãe que levei à terra
como me trouxeste no ventre,
que farei destas tuas artérias?
Que medula, placenta,
que lágrimas unem aos teus
estes ossos? Em que difere
a minha da tua carne?

Mãe que levei à terra
como me acompanhaste à escola,
o que herdei de ti
além de móveis, pó, detritos
da tua e outras casas extintas?
Porque guardavas
o sopro de teus avós?

Mãe que levei à terra
como me trouxeste no ventre,
vejo os teus retratos,
seguro nos teus dezanove anos,
eu não existia, meu Pai já te amava.
Que fizeste do teu sangue,
como foi possível, onde estás?


António Osório, in 'A Ignorância da Morte'




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