Powered By Blogger

sexta-feira, 4 de março de 2011

Uma Professora na Serra


Corria a década de cinquenta. Sentada junto à janela de casa, contemplava a serra que a acolhera e que nos últimos meses aprendera a amar. Aproximava-se o dia da partida e, vendo o sol a descer no horizonte, recordava como tinha vindo parar àquela aldeia.

Nascera  em Coimbra  cidade que bem conhecia, onde sempre vivera. Poucas vezes de lá saíra, excepto nas férias de Verão que passava com os avós  na Figueira da Foz, quando ia a Lisboa visitar familiares e uma vez que tinha ido à serra da Estrela, numa excursão do Liceu, de que ela gostara muito.
Quando saíram os resultados dos concursos de professores, exultou de alegria por poder iniciar a sua vida profissional. Muitas das suas colegas tinham ficado sem colocação e ela tinha um local para trabalhar. A escola era longe e a localidade nem vinha no mapa. Na Direcção Escolar, informaram-na que a escola ficava  lá para a serra. Mas, que interessava isso? Ela já tinha ido à serra da Estrela e gostara muito. Além disso, ia ter uma escola, os seus primeiros alunos e ganharia o seu dinheiro. Decerto iria fazer novas amizades e, quando não pudesse vir a casa, ao fim de semana, aproveitaria para conhecer melhor a região. Alugaria um táxi e faria passeios com as raparigas da terra, que iriam ser suas amigas com certeza. Nunca tivera dificuldades em fazer amizades e não seria agora que isso iria acontecer.

Deitou-se imaginando uma simpática aldeia com muita juventude, onde iria passar bons momentos. O entusiasmos era tanto que, nessa noite quase não pregou olho. Pela sua cabeça passaram as imagens da excursão que fizera alguns anos atrás. Na subida para a serra, a estrada era  estreita, íngreme e cheia de curvas. Ela e as colegas caíam cada uma  para seu lado , conforme as curvas. Exageravam a queda o que provocava sonoras  gargalhadas  De vez em quando, apercebiam-se da paisagem que cercava a estrada; arregalavam os olhos soltando gritos de aflição ao verem  os precipícios à beira da estrada. Logo aparecia  outra curva e tombavam de novo,  recomeçando a risada.
Quando chegaram à Torre, ela  ficou extasiada. Talvez por  sempre ter vivido num meio urbano, adorava a  natureza e a  nudez dos cumes  rochosos  contrastando com a verdura  dos campos situados no sopé das montanhas, deixou-a boquiaberta. Lá no fundo, tudo parecia minúsculo e ela,  ali no alto, respirando a  brisa daquele dia quente de Verão, sentiu-se tão leve!
E foi assim, recordando as peripécias vividas nesse passeio, que  acabou por adormecer  já a noite ia alta. E sonhou. Sonhou com uma pequena mas bela aldeia onde nada faltava...
(Continua)



Obrigada pela sua visita. Volte sempre.




9 comentários:

Flora Maria disse...

Não demore a continuar a história, pois estou curiosa, amiga !
Gosto por demais desses textos que relembram tempos antigos.
Na minha última postagem coloquei o significado de alguns nomes e o seu lá está !

Beijo

jurisdrops disse...

Fiquei curiosa, Lourdes. Ansiosa pela continuação!
Ótimo Carnaval pra você.
Beijos

Maria Rodrigues disse...

Querida amiga recordar é viver. Adoro ouvir, historias do passado, quando era criança o meu avô passava horas a contar-me historias do seu tempo de juventude, era uma delicia estar a ouvi-lo.
Tenha um maravilhoso fim de semana, pleno de alegria, paz e harmonia.
Beijinhos
Maria

alfacinha disse...

Não há nada mais belo que a natureza, especialmente se você sempre viveu na cidade

Luantes disse...

É hoje uma das minhas paixões
por me a recordar como se estivesse a reviver esse passado que ainda não está assim a uma longa distancia.
tambem fico á espera do desfecho dessa história
bjsssss

Idanhense sonhadora disse...

Pois continue depressa , Lourdes ,que estamos todos cheios de curiosidade . Qual terá sido o "embate " ?
Beijo
Quina

alfacinha disse...

O seu estilo de narração é tão suave e clara na utilização das palavras.Muito admirável
cumprimentos

2edoissao5 disse...

me reportei a paisagem e a época...

Unknown disse...

Olá flor.
Nossa que legal, continue pois gosto muito dessas historios.
Abraços,
Marli