Não existe o esquecimento total: as pegadas impressas na alma são indestrutíveis.
(Thomas De Quincey)
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Sentada na varanda da minha casa, vejo ao longe o Sobral Gordo - a terra natal do meu pai.
Como é natural, a ela estou ligada por laços muito fortes.
É uma aldeia pequenina de que sempre gostei muito.
De pequenina, ainda bebé, comecei a ir ao Sobral Gordo, passar uns dias com aminha avó paterna. O meu tio António ( o Tonito da Capela) que é pouco mais velho que eu, ia-me buscar à Ribeira Mourísia, onde se situava a fazenda dos meus avós maternos e, levava-me às cavalitas.
Com o falecimento da minha avó paterna, era eu ainda muito pequena e o meu avô em Lisboa, onde trabalhava, passei a ir lá menos vezes. Entretanto, os meus pais optaram por construir casa no Sobral Magro.
Com o falecimento da minha avó paterna, era eu ainda muito pequena e o meu avô em Lisboa, onde trabalhava, passei a ir lá menos vezes. Entretanto, os meus pais optaram por construir casa no Sobral Magro.
No entanto como tinha lá outra família, todos os anos os ia visitar.
Mais tarde, meu avô casou de novamente e fixou-se no Sobral Gordo. Passei a ir lá mais vezes e a permanecer mesmo alguns dias, em especial na altura da festa.
Fiz alguns amigos. Tenho muitas e agradáveis recordações do meu tempo de juventude, no Sobral Gordo.
Aqui na minha varanda, elas vão passando pela minha cabeça e recordo as palavras escritas por Miguel Torga:
De um lado terra, doutro lado terra;
De um lado gente; doutro lado gente;
Lados e filhos desta mesma serra,
O mesmo c´ú os olha e os consente.
O mesmo beijo aqui; o mesmo beijo além;
Uivos iguais de cão ou de alcateia.
E a mesma lua lírica que vem
Corar meadas de uma velha teia.
Mas uma força que não tem razão,
Que não tem olhos, que não tem sentido,
Passa e reparte o coração
Do mais pequeno tojo adormecido.
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