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sábado, 10 de novembro de 2018

Porque é fim de semana: Linhares da Beira

Porque é fim de semana, vamos prosseguir na descoberta do município de Celorico da Beira e partimos para a sua última freguesia: Linhares da Beira.


Situada numa das encostas da Serra da Estrela, é uma das "Aldeias Históricas", também apelidada por "Museu ao Ar Livre"  devido à  grande importância assumida no passado, visível em muitos testemunhos espalhados pela povoação. 
Pensa-se que a sua origem está ligada a um castro Lusitano, e existem registos escritos da ocupação de Linhares por vários povos, mas a  história da formação da povoação e a construção do castelo, apenas foram consolidados após a reconquista Cristã.
D. Afonso Henriques elevou-a a vila e concelho e concedeu-lhe foral em 1169. Em 1510, D. Manuel I, concedeu-lhe foral Novo, renovando-lhe as regalias.



Em 1497 D. Manuel, expulsou os judeus portugueses, permitindo que ficassem no país, aqueles que se convertessem ao  catolicismo. Uma  parte, fazendo crer que se tinham convertido, fixaram-se  junto à fronteira com Espanha, formando comunidades, que continuavam a praticar os cultos judaicos em segredo.
Linhares da  Beira, foi uma das povoações  que recebeu judeus que ali  formaram uma judiaria.




Em   1855, a vila perdeu  o seu estatuto devido à reforma administrativa liberal.
Actualmente,  Linhares da Beira é também conhecida como a "Capital do Parapente", sendo um dos locais mais procurados pelos adeptos desta modalidade.



O Orago de Linhares é  Nossa Senhora da Assunção. 
A igreja matriz foi, provavelmente, fundada no séc. XII. Inicialmente dedicada a Santa Maria foi, por vontade de D. João III, dedicada a Nª Srª da Assunção. 
Sofreu várias obras de reconstrução ao longo dos séculos, até chegar aos nossos dias.
Tem características arquitectónicas românicas na capela-mor e na porta lateral. As obras seiscentistas deram-lhe o aspecto maneirista e, em 1751,  a actual traça de decoração barroca. 
O interior tem uma só nave. A capela-mor possui tecto de madeira pintada. Tem ainda duas capelas laterais, uma dedicada ao Sagrado Coração de Jesus e outra a Nossa Senhora de Fátima.
Destacam-se ainda  três valiosas tábuas, atribuídas ao  Mestre português Vasco Fernandes (Grão Vasco). 

Na localidade existem outros templos religiosos, dos quais enfatizo:

- Igreja da Misericórdia



A Igreja da Misericórdia ergue-se no local da antiga paróquia de Santo Isidoro,  que em 1576 acolheu a Misericórdia.
Não se conhecendo a data da fundação desta igreja, existem documentos escritos que a ela se referem, datados de 1320.
Ao longo dos séculos, sofreu várias obras de remodelação, mas da igreja primitiva  subsistem  vestígios românicos  no portal lateral em arco quebrado e na fresta que ilumina a capela-mor
O interior, com uma só nave,  tem três altares,  púlpito de talha, coro em madeira, capela-mor e tecto  de madeira pintada. 
Na Capela-Mor, destacam-se um retábulo de talha barroca e pinturas de transição para o séc. XVII,  que se atribuem à escola de Grão Vasco.
Do património arquitectónico de Linhares destacam-se ainda:

- Albergaria e  Hospital


Este edifício localizado no Largo da Misericórdia, foi construído no séc. XIII. Tendo a função de albergaria, servia de apoio a pobres, peregrinos e doentes. No séc. XVI foi reconvertida em hospital.
Na sua fachada destacam-se um nicho com a imagem de Santo António e duas gárgulas relacionadas com a lenda da Dama Pé de Cabra. Neste edifício também funcionou a Roda.

- Castelo


Castelo de fundação desconhecida, existia já no reinado de D. Sancho I. Foi  reformado em 1291, no reinado de D. Dinis e é, sem dúvida, o ex-libris desta povoação. 
Considerado uma das fortificações medievais mais importantes da Beira Alta Interior, dali se pode usufruir duma  magnífica paisagem sobre a região envolvente.

- Antiga Casa da Câmara e Cadeia



Situado na rua Direita, este edifício foi construído no séc. XVII e  funcionou como Casa da Câmara até meados do séc. XIX,  como escola e residência de professores no início do séc. XX e, actualmente,  Junta de Freguesia.
Na fachada destacam-se as armas de D. Maria.

- Pelourinho



Situado em frente da antiga Casa da Câmara,  tem origem quinhentista. 
É de granito rematado pela esfera armilar.


- Judiaria



Localizada numa transversal à Rua Direita, era habitada pela comunidade judaica separada da comunidade cristã.


- Casa do Judeu 


Edifício quinhentista, também conhecido por Casa Manuelina, por ter na sua fachada uma das mais elaboradas janelas manuelinas de Linhares. Um exemplar  de habitação judia. 
Uma passagem sob a casa, seria a entrada para a antiga judiaria.
Classificado de Interesse Público, pensa-se que nele funcionou a sinagoga judia.
Actualmente, é conhecido como Casa do Judeu e nele funciona uma  Venda de Artesanato.

- Fontes

Do abastecimento de água a Linhares existem  três fontes dos séculos XII, XVI e XIX.



- Casas Nobres

Convivendo com as  casas tradicionais bem preservadas, espalhadas por toda a povoação, existem algumas casas nobres dos séculos XVIII-XIX.
Destacam-se:

- Solar Corte Real 



Construído no séc. XVIII, foi completamente destruído em 1941 por um ciclone. Permaneceu em ruínas até há poucos anos e após  restauro foi  adaptado a pousada.
No alto da fachada em local de destaque, o brasão da família.

- Solar Brandão de Melo 





Datado do século XIX, este edifício neo-clássico tem uma fachada encimada por um frontão com o brasão da família. Tem capela adossada, dedicada a Nossa Senhora da Conceição.
Após obras de recuperação, foi também transformada em pousada.

- Solar do Pina de Aragão


Solar Setecentista de estilo barroco,  cuja construção inicial remontará ao século XVI. Sofreu obras de restauro em 1859.
No alto da fachada principal, ostenta brasão em pedra com as armas da família.




Obrigada pela sua presença. Volte sempre!




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