Aproxima-se o Natal, época em que, normalmente, a melancolia toma conta de
mim. As emoções estão à flor da pele, os sentimentos contraditórios tiram-me as palavras e a disposição
para postar não é nenhuma .
Porém, hoje, num daqueles ataques de “tenho que arrebitar”,
andei às voltas pela net em busca de inspiração para a quadra natalícia. Eis
senão quando, dou por mim a divagar e vêm-me à lembrança outras épocas de hábitos distintos dos atuais em que não existiam as novas tecnologias.
Lembrei-me dos postais de Natal que, nesta altura, enviávamos
aos familiares e amigos e dos agradecimentos que muitas vezes chegavam já fora
de época, porque o volume de correspondência aumentava muito nesta época do ano e os funcionários dos CTT não conseguiam dar vazão.
Hoje em dia, já quase não se usam os postais. A internet tomou conta das nossas vidas e, por todo o lado surgem mensagens mais ou menos sugestivas, mais ou menos apelativas e, só temos que escolher de entre toda a panóplia que temos à nossa disposição, aquela que mais nos agradar e com um simples clic, encaminhá-la para os nossos contactos que a receberão na hora, sem corrermos o risco de as mensagens chegarem atrasadas.
E as transmissões televisivas que, por terem um horário muito
restrito, eram aguardadas com grande ansiedade. Eu perdia-me pelos programas infantis, pelo Circo e pelos filmes da Lassie.
Longe vão os tempos em que o país quase parava para ver o Natal dos Hospitais e as mensagens de Natal dos nossos soldados que se encontravam em zonas de guerra nas ex-colónias portuguesas.
Hoje, a televisão funciona 24 h por dia, com vários canais. Alguns programas ainda continuam a ser transmitidos mas, já se tornaram tão banais, que poucos são aqueles que a eles ainda assistem.
Lembro-me de pôr o meu sapatinho na chaminé e na alegria que sentia por, no dia seguinte, lá ter um simples balão, uma saia e aquela camisola, igualzinha à que eu vira a minha mãe tricotar, para oferecer a uma outra menina. Inocente, pensava que o Menino Jesus percebera que eu tinha pena de a minha mãe não fazer uma camisola igual para mim. E, ficava feliz.
Hoje, as crianças recebem toda a espécie de brinquedos, alguns deles muito caros. Na noite de Natal é uma grande alegria mas, passados dias, já nem se lembram deles pois já estão a pedir outros, que viram aos seus amigos.
Recordo-me bem da minha pequena árvore de Natal onde, por entre algumas bolinhas, apareciam uns chocolatinhos em forma de Pai Natal, que nunca chegavam à noite da Consoada.
Hoje a minha árvore é grande, enfeitada com vários motivos de Natal mas, já não está cá aquela criança que um dia eu fui.
Obrigada pela sua visita. Volte sempre.