Se não tivéssemos falhas nossas, teríamos menos prazer em notar as falhas dos outros.
(Duque de La Rochefoucauld)
Enquanto não resolvo os problemas com o meu computador, a poesia de Florbela Espanca faz-me companhia.
Charneca em Flor
Enche o meu peito, num encanto mago,
O frémito das coisas dolorosas...
Sob as urzes queimadas nascem rosas...
Nos meus olhos as lágrimas apago...
Anseio! Asas abertas! O que trago
Em mim? Eu oiço bocas silenciosas
Murmurar-me as palavras misteriosas
Que perturbam meu ser como um afago!
E, nesta febre ansiosa que me invade,
Dispo a minha mortalha, o meu bruel,
E já não sou, Amor, Soror Saudade...
Olhos a arder em êxtases de amor,
Boca a saber a sol, a fruto, a mel:
Sou a charneca rude a abrir em flor!
3 comentários:
Linda poesia !
Sabe, Lourdes, que a palavra charneca soa-me como um lugar exótico, e ela é muito encontrada em contos de A.J. Cronin, autor que eu admiro.
Um dia fui procurar seu significado, pois para mim lembrava charco, um lugar úmido, e vi que era o oposto !
Beijo
E não poderia haver melhor companhia, Lourdes!
Que lindo soneto!...
Beijos e um bom dia
Lourdes:
As flores têm mesmo esse dom de transformar, de encantar a alma, como o poema que embelezou e perfumou a charneca.
Beijos
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