Segunda feira acordei estremunhada com uma descarga de foguetes. As pálpebras pesavam e teimavam em se fechar apesar da claridade do dia entrar pela porta e inundar o quarto de luz. Enrosquei-me no lençol tapando a cabeça mas, as vozes e o ruído da loiça, vindas da cozinha, martelavam na minha cabeça.
Saltei da cama a resmungar. Tinha dormido muito pouco porque o baile da festa acabara a altas horas da madrugada.
Já na cozinha, a minha mãe disse-me que a minha prima mais velha já tinha ido roçar um molho de mato para o curral das cabras. Incrédula, engoli o café e fui-me arranjar. Era dia de piquenique, o dia em que eu mais me divertia nas festas. Aos poucos fui acordando e o mau humor desapareceu.
Logo após o almoço, homens e rapazes juntaram-se para afinar os instrumentos e iniciaram a arruada. Eu acompanhava as crianças da minha idade, atrás do grupo percorrendo as ruas da aldeia em enorme algazarra, parando à porta de cada casa, onde apareciam os proprietários que, para além de distribuírem um copo de vinho a cada elemento do grupo, ofereciam o que podiam para o piquenique. Eram sempre produtos da sua lavra: batatas, nabos, azeite, vinho... Só o bacalhau era oferecido pelos proprietários das tabernas da aldeia.
À medida que as cestas e as sacas se enchiam, os produtos eram levados para o Largo da Barroca, onde se encontrava um grupo de senhoras que, após lavarem grandes panelas de ferro e as colocarem com água junto a uma grande fogueira, começavam a descascar batatas e a arranjar os nabos.
Cada um seguia para junto das panelas, serviam-se e espalhavam-se pelo largo. Em pé, sentados em bancos, na soleira das portas, nas paredes do lavadouro ou mesmo nalguma pedra maior, o bacalhau com batatas e nabos, desenjoava a fartura de carne comida na véspera.
A refeição terminava muitas vezes à luz do candeeiro. Seguia-se -se o bailarico animado pelos artistas da terra que terminava, muitas vezes, com o raiar da aurora.
Obrigada pela sua visita. Volte sempre.
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REVIVER, TAMBÉM É SER FELIZ.
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