Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.
Fernando Pessoa
3 comentários:
Olá Lourdes!
A quanto tempo!!
Tens tido posts tão interessantes, parabéns!Tens aqui uma página muito genuína e agradável.
Não conhecia este poema, ou talvez não me lembre,rsrsrs...
Adorei as fotos antigas do post anterior :)
Os teus trabalhos em croché são maravilhosos, talvez um dia tenha mais tempo para aprender a fazer riquezas assim :)
Beijinho grande e continuação de uma bela semaninha.
Patricia.
Nada como o mestre dos heterônimos; quanta sabedoria, quanto filosofismo encoberto pela ideia de simplicidade.
Beijos
Abrir a janela com curiosidade renovada é a nossa vontade. Um abraço, Yayá.
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