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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

S. Martinho e as Castanhas

Aproxima-se o dia de S. Martinho, época que se costuma festejar fazendo magustos ou simplesmente comprando castanhas assadas. 
Na minha cidade é vulgar verem-se, em locais movimentados, vendedores ambulantes que nesta altura do ano assam castanhas para as venderem aos transeuntes que por eles passam. Os homens das castanhas deram o mote, a José Carlos Ary dos Santos, para um poema que mais tarde foi musicado por Paulo de Carvalho e que podemos ver no video clip.
                               

 O Homem das Castanhas

Na Praça da Figueira,

ou no Jardim da Estrela,
num fogareiro aceso é que ele arde.
Ao canto do Outono,à esquina do Inverno,
o homem das castanhas é eterno.
Não tem eira nem beira, nem guarida,
e apregoa como um desafio.


É um cartucho pardo a sua vida,

e, se não mata a fome, mata o frio.
Um carro que se empurra,
um chapéu esburacado,
no peito uma castanha que não arde.
Tem a chuva nos olhos e tem o ar cansado
o homem que apregoa ao fim da tarde.
Ao pé dum candeeiro acaba o dia,
voz rouca com o travo da pobreza.
Apregoa pedaços de alegria,
e à noite vai dormir com a tristeza.


Quem quer quentes e boas, quentinhas?

A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais calor p'ra casa.


A mágoa que transporta a miséria ambulante,

passeia na cidade o dia inteiro.
É como se empurrasse o Outono diante;
é como se empurrasse o nevoeiro.
Quem sabe a desventura do seu fado?
Quem olha para o homem das castanhas?
Nunca ninguém pensou que ali ao lado
ardem no fogareiro dores tamanhas.


Quem quer quentes e boas, quentinhas?

A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais amor p'ra casa.




 Ary dos Santos

Carro das Castanhas



Obrigada pela sua visita. Volte sempre.


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