“Piódão, 24 de Outubro de 1965 –
Olho do alto da serra as aldeias cavernícolas que nos boqueirões esperam em vão pelo sol natural e social, ponho me a pensar no que vai pelo mundo, e em vez da revolta antiga invade me uma espécie de confuso contentamento instintivo. Qualquer coisa dentro de mim sente se nelas preservado, defendido das mil agressões do momento. É como se as raízes mais profundas do meu ser se vissem de repente em segurança no desterro de cada um destes redis primitivos, transformados milagrosamente pelo próprio abandono em promissoras ilhas de reserva humana.”
Olho do alto da serra as aldeias cavernícolas que nos boqueirões esperam em vão pelo sol natural e social, ponho me a pensar no que vai pelo mundo, e em vez da revolta antiga invade me uma espécie de confuso contentamento instintivo. Qualquer coisa dentro de mim sente se nelas preservado, defendido das mil agressões do momento. É como se as raízes mais profundas do meu ser se vissem de repente em segurança no desterro de cada um destes redis primitivos, transformados milagrosamente pelo próprio abandono em promissoras ilhas de reserva humana.”
(Diário X, 1999: 1072). Miguel Torga
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