Não estive na aldeia para prestar homenagem à minha falecida mãe, como era meu desejo. No entanto, vou usar um poema da poetisa açoriana Natália Correia, para o fazer aqui n' O Açor. Para ilustrar vou usar um quadro que pintei, após a minha viagem à ilha de S. Miguel, com as flores que deram o nome à minha mãe, as hortenses.
Mãe infusa
Ainda estão por dizeras púdicas confidênciasdo tempo em que era possívelouvir as hortênsias.No quintal de incontinenteo maracujá enlanguesciae pedra a pedra se reconstruíaa casa infinitamente.Teu rosto ainda não vagueavana noite fria do retrato.Em que desmemoriada candeiaderramaste oh mãe o azeite intacto?Dispunhas as jóias do invernopara a festa cálida do verão.Por certo alguma levastepassando-a ao fisco da mortepara que uma pérola te assinalasseno caso que o vento espalhasseo pólen da tua mão.Eis-te todavia sem ossosmas mais do que nunca infusaem teu ovular desveloe eu carnalmente intrusapressinto que para tocar-teenfermo de longos cabelos.
Obrigada pela sua visita. Volte sempre.
1 comentário:
Lourdes:
Lindo poema para tão linda homenagem.
Quer dizer que você é artista em vários caminhos? Linda paisagem também, a das hortênsias.
Beijos
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