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domingo, 13 de junho de 2010

De Novo Pessoa

Atravessamos uma fase de grande animação, na minha cidade. Os festejos dos Santos Populares iniciaram-se precisamente com o Santo António, que se comemorou hoje, em Lisboa. Esta é uma data de muita alegria e reinação, mas para mim a alegria redobra, pois há 30 anos atrás nasceu o meu filho às primeiras horas da manhã, exactamente na altura em que as marchas desfilavam na Avenida. Entretanto, conheceu aquela que hoje é a sua esposa que nascera no dia 12 à noite. Por essa razão, juntaram as duas famílias e o fim de semana  foi de  festa cá em casa.
Agora, que cada um partiu para suas casas, venho visitar os amigos da blogosfera e festejar também um dos meus poetas preferidos, que também nasceu num dia 13 de Junho: Fernando Pessoa. No post anterior escolhi um poema deste poeta de  acordo com o meu estado de espírito na altura. Para hoje escolhi algo mais condizente com a data.  Como Pessoa também escreveu quadras bem ao gosto popular,  escolhi algumas para transcrever para o post de hoje.



                                                      (Imagem da Net)





O manjerico comprado
Não é melhor que o que dão.
Põe o manjerico ao lado
E dá-me o teu coração.
 
O manjerico e a bandeira
Que há no cravo de papel —
Tudo isso enche a noite inteira,
Ó boca de sangue e mel.
 
Deram-me um cravo vermelho
Para eu ver como é a vida.
Mas esqueci-me do cravo
Pela hora da saída.
 
O cravo que tu me deste
Era de papel rosado.
Mas mais bonito era inda
O amor que Me foi negado,

Água que não vem na bilha
É como se não viesse.
Como a mãe, assim a filha...
Antes Deus as não fizesse.
 
Puseste um vaso à janela.
Foi sinal ou não foi nada,
Ou foi p'ra que pense em ti
Que te não importas nada?
 
Quando vieste da festa,
Vinhas cansada e contente.
A minha pergunta é esta:
Foi da festa ou foi da gente?

A abanar o fogareiro
Ela corou do calor.
Ah, quem a fará corar
De um outro modo melhor!

Vesti-me toda de novo
E calcei sapato baixo
Para passar entre o povo
E procurar quem não acho.

E ao acabar estes versos
Feitos em modo menor
Cumpre prestar homenagem
À bebedeira do cantor.



Obrigada pela sua visita. Volte sempre.

5 comentários:

Unknown disse...

Todas as quadras são bem ao gosto popular e com elas se cantou e dançou noites inteiras festejando estas datas.
Gosto muito de Fernando Pessoa em toda a sua escrita. O tempo passa mas a sua escrita continua sempre com actualidade.

Susana Falhas disse...

Olá Lourdes!

Podes crer que sentimos a presença de todos vocês em espírito. Por alguma razão fizémos questão de vos colocar a par de tudo o que passou no dia, praticamente em directo.

Obrigada por nos acompanhares, em pensamento!

Bjs Susana

* J Pinto disse...

Olá Lourdes
De novo Pessoa, digo eu também. Nas deambulações que fizemos pela aldeia histórica de Trancoso, durante o recente encontro de Bloggers, tivémos de recordar o grande Poeta, já que este procurou inspiração para a sua obra nas Trovas do Bandarra, o polémico Sapateiro de Trancoso.
Olhe, achei interessantíssima aquela explicação dos suportes das lanternas de Serpa. Afinal, têm a configuração de serpentes e não de dragões, um pouco contra a corrente da minha costela Portista. Não se pode ter tudo, eheheh!
Um beijo.

Mariazita disse...

Ainda que com um dia de atraso :) muitos parabéns para teu filho, e que seja, sempre, muito feliz.

As quadras de Fernando Pessoa... são do Pessoa e está tudo dito.
Os "grandes" até a fazer coisas menores conservam sua grandeza.

Boa semana. Beijinhos

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Amiga Lourdes!

Tens bons motivos para festejar com dupla alegria o Santo António.

Neste mês, mas a 18, já esta semana, faço 35 anos de casada, também vai haver festa! Só mais a dois, como é nosso costume, mais romântico.

Depois celebraremos em grande alegria e em comunhão com muitos amigos e uma bela sardinhada, o São João.

Adorei o teu post e o poema de Fernando Pessoa.

Beijinhos

Na casa do Rau