Falamos de matar o tempo como se, infelizmente, não fosse o tempo que nos matasse.
(Alphonse Allais)
Quando chegava o Verão, na minha aldeia havia um passatempo que "os lisboetas" gostavam de praticar: a pesca.
Todos sabiam que era ilegal o que faziam, mas de vez em quando lá ia um grupo a caminho da ribeira. Percorriam-na, tentando apanhar trutas ou enguias que, naquela época, abundavam na ribeira do Sobral. O meu tio António era exímio a apanhar enguias e eu gostava de o acompanhar, mas curiosa como sou, andava sempre atrás dele a fazer perguntas.
Ele usava uma espécie de garfo e, pacientemente levantava as pedras uma a uma, para ver se saía algum peixe debaixo duma delas. Certo dia, assustei-me ao ver sair uma enguia debaixo duma das pedras. Pensando que era uma cobra comecei aos gritos e desatei a correr, chapinhando e fazendo levantar a terra pousada no fundo da ribeira, que de imediato turvou a água, espantando os peixes.
A partir de então o meu tio nunca mais me quis por perto quando andava à pesca.
Muitas vezes, acabada a pescaria era em casa da minha tia Ilda que se fazia o petisco. Esta minha tia tinha "mão" para cozinhar as trutas e as enguias e todos gabavam o sabor apetitoso que ela conseguia, no molho que fazia para os acompanhar.
Não sei de que forma a tia Ilda cozinhava os peixes. Sei apenas que os fritava em azeite e no molho com que os cobria, usava vários ingredientes como o vinagre, alho e louro e que todos os que provavam esta iguaria, não se cansavam de elogiar os dotes da cozinheira.
Obrigada pela sua visita. Volte sempre.
8 comentários:
Bom dia, Lourdes
Sempre são tão lindas as lembranças de infância.que trazemos guardadas em nosso baú de memórias... Essas suas idas à pesca... que delicia de recordações!
Obrigada por essa partilha.
Beijos
Lourdes;
Belas recordações de tempos que nós sempre achamos que foram os melhores da nossa vida que é a infância.
Mas pensando bem,... até que foram!.
bjs, Lourdes.
Osvaldo
Lourdes:
Sua descrição foi tão prestimosa, que cheguei até a sentir o cheiro do peixe frito. Nacos de lembranças que surgem aqui e ali e que nos dão um sabor mais agradável ao cotidiano.
Beijos.
ola amiga,sabe,tantos trabalhos e de pormenores aborrecidos,sao sinal de os meus nervos estarem a flor da pele.felizmente que entre o crochet e os medicamentos homeopaticos,consigo aliviar os nervos e fazer trabalhos em que no meu estado normal nao faço.por um lado até sao produtivos os nervos.mas trabalhei das 20 até as 1h30 da manha.bjinho
Olá Miguxa!
É sempre bom a gente lembrar das nossas raises.
As vezes nos sentamos e começamos nos lembras dessas historias.
é muito legal, a gente rir muito.
Vim especialmente agradecer pelo carinho e pelas visitas constantes em meu cantinho.
Isso só me deixa muito feliz.
Abraços com carinho,
Marli
Olá Lourdes
Este episódio trocou-me as voltas e fez-me rir. Quando o comecei a ler, pensei que a Lourdes ia dizer que o que lhe saíu debaixo da pedra foi uma cobra. Então é que eram elas!
Quando era garoto, também alinhei nessas "pescarias", na ribeira da minha aldeia. Mergulhávamos nas goleiras dos poços, enfiávamos as mãos debaixo das lapas e tateávamos, à procura das enguias que ali se agachavam, bem enroladas. O segredo estava na perícia de as apertar com a mão sem as deixar escapar, pois eram muito escorregadias. O problema é que, volta e meia, em vez de enguias apertávamos as cobras de água que também se lá escondiam para "caçarem" os peixes. Além do susto, do nojo e do arrepio, ainda levávamos uma mordedela (nós dizíamos uma mordidela) na mão!
Bons tempos!
Beijnhos
OLÁ QUERIDA AMIGA LOURDES, BELÍSSIMO TEXTO, FOI UM PRAZER A SUA LEITURA...!
VOTOS DE BOM FIM DE SEMANA,
ABRAÇOS DE CARINHO,
FERNANDINHA
Dulce
É mesmo. De vez em quando faz-nos bem lembrar estes tempos da nossa meninice, principalmente quando nos marcaram de forma positiva.
Beijinhos
Osvaldo
Não há dúvida, que há momentos tão agradáveis que nos fazem esquecer os mais difíceis.
Beijinhos
Maria Teresa
Há cheiros que, de tão agradáveis, não conseguimos esquecer.
Beijinhos
Elisabete
É sempre bom termos alguma coisa a que nos possamos dedicar nos momentos depressivos. Não curam mas, naqueles momentos, esquecemos os problemas.
Força amiga!
Beijinhos
Marli
Muitas vezes dou por mim a rir sozinha, quando me recordo das maroteiras que eu fazia quando era criança.
Beijinhos
José
Não saiu nenhuma cobra, mas para mim, menina da cidade, era como se fosse. Eu bem queria fugir, mas escorregava nas pedras da ribeira e desatava aos gritos, levando o meu tio ao desespero, porque os peixes fugiam rapidamente.
Coisas de criança...
Beijinhos
Fernandinha
Fico satisfeita porque gostou das minhas peripécias.
Beijinhos
Enviar um comentário