Na adversidade é aconselhável seguir algum caminho audacioso.
(Lucius A. Seneca)
O Passado:
Com uma vida tão dura, os habitantes da aldeia do meu pai, assim como os de muitas outras localidades situadas nas serranias do interior do país, sentiram-se motivados a procurar uma vida melhor noutros locais do país ou do estrangeiro.
Viviam em quartos alugados e, era numa qualquer taberna que comiam as refeições e afogavam as mágoas, na companhia doutros que também tinham seguido os mesmos passos. Sentiam a falta da família. As mulheres tinham ficado na aldeia a amanhar as terras e a criar os filhos. Normalmente iam à terra pelo S. Miguel, para ajudar nas colheitas ou por ocasião da festa anual.
Já com algum dinheiro junto, reformavam-se e regressavam definitivamente à aldeia onde acabavam os seus dias.
Alguns sobralgordenses mais aventureiros, resolveram lançar-se nos negócios. Não tendo ao seu dispôr empréstimos bancários, pediam dinheiro emprestado aos seus conterrâneos e adquiriram quotas em sociedades. Após pagarem a dívida, alguns conseguiram uma vida mais desafogada. Depois, alguns davam emprego aos seus jovens conterrâneos que, como eles, vinham em busca de melhores condições de vida.
A partir de determinada altura, as mulheres passaram a seguir os maridos no seu êxodo. Alugavam uma casa de habitação e os filhos passaram a nascer e a ser criados na região de Lisboa. No entanto, com as economias arranjavam ou construíam a casa na aldeia onde, mais tarde, iam gozar a reforma.
Os que não partiram, também tentavam ganhar algum dinheiro extra, para poderem adquirir os produtos que a terra não lhes dava. Uns vendiam o que tinham a mais, outros aprendiam mesmo uma profissão, que exerciam sempre que os trabalhos agrícolas não exigiam a sua presença. Havia quem negociasse em gado e quem o matasse quando necessário, mas os profissionais mais conhecidos foram os canastreiros e os resineiros.
Os que não partiram, também tentavam ganhar algum dinheiro extra, para poderem adquirir os produtos que a terra não lhes dava. Uns vendiam o que tinham a mais, outros aprendiam mesmo uma profissão, que exerciam sempre que os trabalhos agrícolas não exigiam a sua presença. Havia quem negociasse em gado e quem o matasse quando necessário, mas os profissionais mais conhecidos foram os canastreiros e os resineiros.
O Sobral Gordo também sentiu a atracção que as minas da Panasqueira exerceram sobre a população da serra do Açor. Foram muitos os sobralgordenses que lá trabalharam e o meu pai seguiu-lhes as peugadas durante algum tempo.
Apesar de tudo, na aldeia ainda havia tempo para se divertirem, porque o corpo não é de ferro...
Assim, era frequente os seus naturais ocuparem os tempos livres com os jogos tradicionais, sendo mais populares o fito e a panamalha, ou então, com os bailaricos ao som dos exímios tocadores e cantadores do Sobral Gordo. Este último caso tinha o seu ponto alto na festa anual, sempre muito concorrida, tanto pelos sobralgordenses como pelos habitantes das povoações vizinhas.
- O Largo da Fonte (entretanto construída) enfeitado para a festa -
Obrigada pela sua visita. Volte sempre.
2 comentários:
M. lourdes
Este trabalhoé fascinante,
Delicio-me sempre ao passar por aqui. E Não dou conta do tempo.
mando um beijo com bastante tempo...
TEMPO
Este é o tempo...
Que foge...
Que escorrega...
Que voa...
Que teima...
Em não estar...
Mas que nós...
Teimosamente...
Agarramos com força...
E não deixamos fugir...
Quando ele escapa...
Voltamos a correr...
E a segurá-lo com força!...
De forma que ele
Venha para ficar...
LILI LARANJO
As histórias dos tempos idos são sempre as mesmas: muito trabalho, para um dia poder desfrutar do tempo que Deus lhes desse na velhice.
Acompanhei muitas histórias de portugueses que vieram para o Brasil em busca do El Dorado, e , a custa de muito trabalho, conseguiram prosperar e voltar a sua terra exibindo o fruto da sua coragem e determinação.
Considero que hoje a vida é mais mansa, e talvez por isso, as pessoas não tenham a mesma força e renúncia.
Parabéns pelos textos que estão excelentes !
Beijo
Enviar um comentário