O entusiasmo é o pão diário da juventude. O ceticismo, o vinho da velhice.
(Pearl Buck)
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Levantara-se muito cedo. Passara a noite acordado, pois pela sua cabeça passaram imagens dum futuro risonho que desejava para si e a ansiedade era tanta, que o sono não aparecera. Levantara-se rapidamente e, num instante saíra para a rua, enfrentando o frio da madrugada, para se juntar ao grupo de homens, com os quais seguia agora a caminho das Minas da Panasqueira. Um forte calor, fruto do entusiasmo que o dominava, invadira-o de tal maneira, que nem sentia o frio intenso que lhe trespassava a roupa.
De vez em quando, dava uma topada, pois ainda estava escuro e ouvindo embevecido as histórias que os seus conterrâneos iam contando sobre a vida na mina, não se apercebia dos obstáculos que lhe apareciam pela frente. Carregava uma saca onde a mãe lhe colocara algumas batatas, broa, um naco de toucinho e outro de presunto que seriam a sua alimentação durante a semana seguinte. No alto dum outeiro, olhou para trás e, ainda conseguiu descortinar a custo, o vulto de sua mãe, iluminada pela fraca luz do candeeiro a petróleo que, junto à capela da sua aldeia, rezava para que tudo corresse bem com o seu "menino".
De vez em quando, dava uma topada, pois ainda estava escuro e ouvindo embevecido as histórias que os seus conterrâneos iam contando sobre a vida na mina, não se apercebia dos obstáculos que lhe apareciam pela frente. Carregava uma saca onde a mãe lhe colocara algumas batatas, broa, um naco de toucinho e outro de presunto que seriam a sua alimentação durante a semana seguinte. No alto dum outeiro, olhou para trás e, ainda conseguiu descortinar a custo, o vulto de sua mãe, iluminada pela fraca luz do candeeiro a petróleo que, junto à capela da sua aldeia, rezava para que tudo corresse bem com o seu "menino".
Após um último olhar para a sua aldeia ainda adormecida, ergueu a cabeça e seguiu orgulhosamente o caminho das suas ilusões.
Este texto faz parte da história de vida real de alguém nascido na serra do Açor na primeira metade do séc. XX e da sua luta por uma vida melhor, que iniciei aqui
1 comentário:
Querida Lourdes,
Tinha lido a primeira parte da história,
Pensei que não teria continuação, foi muito boa esta surpresa.
Escreves lindamente e é sempre um prazer enorme ler-te, esta história em especial que retrata a vida de muitos jovens que assim foram criados e desde meninos postos a trabalhar em circunstâncias absolutamente impressionantes.
A vida era muito dura e muito diferente nesses dias.
Adorei.
Volto para ler os próximos episódios.
Beijinhos
Ná
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