Naquele Domingo de Ramos, o Sobral ganhava mais vida porque
as povoações vizinhas despovoavam-se
para virem benzer o seu ramo à nossa aldeia, uma das poucas que tinham Missa
Dominical.
Pela encosta da Malhada viam-se a descer grupos de homens e mulheres vindos do Porto Silvado. Do
caminho do Covão outros grupos surgiam uns do Soito da Ruiva e alguns do Sobral
Gordo. Todos passaram por ela, trazendo
um belo ramo na mão, deixando à sua passagem um agradável odor a
louro.
Sentada na soleira da porta da casa da avó, já pronta
envergando o seu vestido novo e de laçarote adornando os belos caracóis que a
mãe lhe arranjara logo de manhã, virava
e revirava um raminho que, apesar de
quase não lhe caber na minúscula mão,
achava não ser suficientemente vistoso para levar naquele dia de festa.
Para ela, um ramo bonito tinha que ser grande como o do
“Coneca” que passara por ela há algum tempo
a caminho da Capela.
A mãe dissera que era pequeno porque ela também era
pequenina, mas não ficara convencida. Gostava dum ramo grande. Se não lhe
coubesse numa mão, segurava-o com as duas.
Quando os familiares desceram, levantou-se, sacudiu o
vestido, compôs os caracóis e seguiu-os para se juntarem ao cortejo a caminho
da capela naquele Domingo de Ramos.
À porta da capela lá estava ele. Um ramo lindo, grande e
farfalhudo nas mãos do “Coneca”, que o agitava sorridente e orgulhoso, pois
também ele achava que o seu era o ramo mais bonito de todos.
Obrigada pela sua
visita. Volte
sempre.
1 comentário:
No Domingo de Ramos, ali entre nos , trazemos um sagrado ramo de buxos por falta de louro e seguidamente depois da missa plantamo-lo num canto do jardim.
Cumprimentos
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