Então começaram a desfilar na sua frente imagens de Natais passados.
Lá estava a sua grande família toda reunida em casa da avó Rita. As mulheres na cozinha terminavam as tarefas previamente divididas entre todas.
A avó no fogão acabava de fritar as filhós, que a prima mais velha embrulhava numa mistura de açúcar e canela para depois as juntar às que já enfeitavam a mesa da sala.
A mãe tinha na sua frente uma grande bacia cheia de batatas que descascara. As tias arranjavam a hortaliça, enquanto uma outra dava os últimos retoques nas travessas de arroz doce, desenhando com canela algumas linhas, bolinhas e estrelas que aguçavam, ainda mais, o apetite.
As primas mais novinhas faziam uma enorme algazarra, disputando o tacho onde a tia fizera o arroz doce, para comerem a rapadura.
Na lareira, uma enorme panela de ferro cheia de água a ferver aguardava as batatas, a hortaliça e o bacalhau. Rosa mexia e remexia nas brasas enquanto a mãe lhe chamava a atenção pois acabaria por apagar a fogueira e atrasaria a ceia.
Sentados à mesa, onde já estavam a tigelada, as fatias paridas, o pão leve e as primeiras filhós, os homens da casa conversavam animados sobre as colheitas do ano, as caçadas de Outono e outros assuntos da aldeia.
Assim que a comida ficava pronta, todos se sentavam nos seus lugares à mesa, dando início à refeição que se prolongava mais tempo que o habitual.
No final, as mulheres levantavam a mesa e seguiam para a cozinha onde umas lavavam e enxugavam a loiça, outras temperavam o cabrito e as outras procediam à limpeza e arrumação para, no dia seguinte, tudo estar em ordem para preparar o almoço de Natal.
Rosa e as primas iam então buscar os sapatos que colocavam junto à lareira esperando que o Menino Jesus lá deixasse algum presentinho.
Rosa e as primas iam então buscar os sapatos que colocavam junto à lareira esperando que o Menino Jesus lá deixasse algum presentinho.
Este ambiente familiar, onde a união, animação e entreajuda reinavam, passeou pelos sonhos melancólicos de Rosa, até ao momento em que no relógio da sala bateram as duas horas, acordando-a.
Esfregou os olhos, levantou-se e dirigiu-se para o quarto, na esperança que o sonho voltasse e pudesse continuar a reviver os momentos felizes da sua infância.
Foto tirada da net
Esfregou os olhos, levantou-se e dirigiu-se para o quarto, na esperança que o sonho voltasse e pudesse continuar a reviver os momentos felizes da sua infância.
Foto tirada da net
Obrigada pela sua visita. Volte sempre.
6 comentários:
Como é bom recordar tempos tão preciosos que não voltam mais...
Bjos amiga!
A nostalgia dos Natais passados sempre dança na alma da gente, não é mesmo, minha amiga? Ah, como são doces essas saudades, como são belas essas lembranças que nos afagam!...
Beijos e um lindo dia para você.
Olá, Lourdes!
Bela prosa ornamentando uma história de vida que infelizmente não era tão bela assim mas que nunca é demais lembrar.
Mesmo a vida, sendo bela,
no jardim em que vivemos,
não perde os espinhos dela.
Espinhos, todos nós temos!
Há por aí muita rosa, sofrida,
de quem o mundo nunca fala.
Louvamos os nadas desta vida
mas, todo o sofrimento se cala!
Mas são estas, e outras rosas,
e quase de esperança perdida
que, nas suas vidas dolorosas
nos dão, belas lições de vida!
São as rosas deste presente
e com um passado tão duro,
esquecidas de muita gente.
Só são lembradas, no futuro!
Abraço,
João Celorico
A recordação de outros Natais deixa marcas que sempre nos acompanham.
Nem tudo é perfeito mas o sabor das nossas recordações nunca mais volta a ser o mesmo.
Que delícia te ler. Um abraço, Yayá.
Adorável, delicado, bonito texto...
É real ou conto ? Não importa, pois gostei muito.
Tenho uns pratos muito parecidos com esses da foto que pensei ser da sua casa !
Nessa postagem coloquei o verde, mas tenho um marrom também:
http://www.floradaserra.blogspot.com/2008/07/lembranas-portugusas-com-certeza.html
Beijo
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