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sexta-feira, 13 de março de 2009

Tradições da Serra: A Benta


Se quiseres,confia na pata do coelho: mas lembra-se de que ela não deu sorte ao coelho.
(R.E. Shay)


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Os habitantes das diversas aldeias da serra do Açor viveram, durante muitos anos, isolados nas aldeias onde nasceram. Muitos só de lá saíam para irem à feira ou a alguma romaria nas redondezas. As notícias chegavam apenas pelos almocreves que atravessavam as serras, ou quando algum dos seus habitantes mais destemidos migrava para Lisboa e vinha de visita à terra.
Pouco esclarecidos, viviam na crença dos mitos medievais que foram passando de geração em geração. Não conseguindo explicação para os problemas que lhes apareciam, tentavam encontrar respostas no sobrenatural.
Quando eram acometidos de algumas doenças que não conseguiam tratar pelos processos que vulgarmente utilizavam, acreditavam serem vítimas de almas penadas, pragas, ou mau olhado lançado por alguém.
Para ajudar nestas superstições, em quase todas as aldeias havia uma pessoa que diziam ter dotes sobrenaturais, a quem recorriam todos aqueles que se sentiam "atacados". Na região que melhor conheço chamavam-lhe a benta, mas geralmente era conhecida por bruxa. Esta ouvia as pessoas e dava indicações da forma como deviam proceder para se livrarem dos seus problemas. Normalmente a solução era ouvir Missas, queimar azeite, ou velas, fazer defumadouros, tomar purgas, ...
Quando a benta dava indicações sobre quem lançara o mal, as pessoas cortavam relações com aqueles de quem desconfiavam e arranjavam-se grandes zangas envolvendo famílias inteiras.



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Hoje, Sexta-Feira 13, é preciso muito cuidado. Como alguém disse um dia: "Eu não acredito em bruxas, mas que as há, há..."








Obrigada pela visita. Volte sempre.


3 comentários:

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Ah, Lourdes, mas por este meu imenso Brasil, lugar de tantas culturas diferentes, ainda se podem encontrar "bentas" e mais "bentas"... E quem passar amanhã ao alvorecer por encruzilhadas, há de se deparar com "mandingas e despachos" deixados durante a noite de sexta-feira 13 - para curar males, trazer amores, perseguir inimigos, livrar de desafetos, etc. e tal... Isso ainda está arraigado em boa parte do povo por aqui. Ninguem confessa, mas na calada da noite...
bjs

Anónimo disse...

Não tenho essa imagem tão redutora, mas essencialmente aquilo que está descrito, deve-se em grande parte ao período de obscurantismo e de abandono a que Portugal, e nomeadamente o interior, foram votados sob a batuta de Salazar que alguns conscientemente dizem ter sido bons tempos. Há tradições impostas infelizmente...
Ah! E não acredito em bruxas, só em bruxinhas!

Lourdes disse...

Olá António!
Olha que não sou adepta do Salazarismo, mas penso que a culpa não foi dele. Rezas, crendices e bruxarias já vêm de tempos muito mais remotos, como tu sabes.
E penso que também sabes que, nos dias de hoje, algumas/muitas pessoas, nem que seja em desespero de causa, ainda recorrem as estes métodos. E aonde é que já vai o Salazar?...
Tal como diz a Dulce no comenário anterior:" Ninguém confessa, mas na calada da noite..."