Perco o desejo do que procuro ao procurar o que desejo.
(Antonio Porchia)
(Antonio Porchia)
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Não tenho dúvida que os tempos de criança ditaram o meu desamor pelo Carnaval na cidade. Filha de pessoas humildes, via da minha janela, as crianças que passavam mascaradas com vistosos e coloridos fatos, que encantavam a cabecita de qualquer criança. Eu não entendia a razão, porque não me podia fantasiar também com fatos bonitos como aqueles.
Só podia vestir as roupas velhas da minha mãe e nem sequer me deixavam ir para a rua... Mas, o que eu gostava mesmo, era daquele fato de sevilhana, cheio de folhinhos, vermelho com bolas pretas e da mantilha presa na cabeça com uma linda travessa, que uma pequenita exibia orgulhosamente, quando passava junto à minha janela. E as grandes argolas que lhe pendiam das orelhas... E o leque que manejava com desenvoltura... E os sapatinos tão pequeninos, às bolinhas... E o som das castanholas... Como eu gostava de ter umas! Ui, que inveja eu sentia!...
E se aquele tipo de inveja era pecado, todos os Carnavais eu pecava, pois nunca tive um fato assim.
E se aquele tipo de inveja era pecado, todos os Carnavais eu pecava, pois nunca tive um fato assim.
(Imagem tirada da net)
Mas, vinguei-me. E se vingança é pecado, vou voltar a pecar.
O ano passado estive em Barcelona e comprei umas castanholas para mim e um fato de sevilhana para a minha neta.
Quando ela regressar da visita semanal ao pai, vou mascará-la de sevilhana. Com castanholas e tudo...
E, contradição das contradições, actualmente quando passo o Carnaval na aldeia, gosto de me mascarar. Mas como?
Agora que podia comprar uma fantasia vistosa, prefiro vestir-me de matrafona. Vá lá a gente entender porquê...
- Carnaval de 2008 -
5 comentários:
Mas entende-se, sim, Lourdes.
É que você aprendeu com a vida que a alegria mora no coração dos mais simples. que alegria entre as pessoas de sua aldeia é autêntica e que não são os fatos ricos e bonitos que fazem um carnaval feliz...
Não é isso mesmo?
Bjs.
Tem toda a razão, Dulce. É isso mesmo que eu penso também.
Beijos
O carnaval nunca o vivi verdadeiramente nas aldeias não tinhamos as fatiotas que nas cidades com muita facilidade se arrajavam. no Goulinho e nas aldeis visinhas as mascaras como diz a Lourdes éra com as roupas mais velhas a cára éra enfarroscada com a sinza da lareira uma meia metida na cabeça e já éra um alegria.
Mais tarde na Capital ai sim divertime e gainhei algum dinheiro eu morava na Penha de França tinhamos um grupo com uma concertina uma guitarra e um tampor davamos a volta á Freguesia iamos cantando as pessoas vinham á janela e ás varandas e mandavam umas moedinhas que depois era dividido por todos aqui fica a minha estória carnavalesca.
Antonio Assunção
minha cara amiga aproveito para lhe perguntar se ficou envergonhada por ter a sua foto no meu blog como seguidora
Agora sobre o carnaval na nossa infancia e nas nosas aldeias estou plenamente de acordo com o amigo Assunção
bastava um carvão uma meia e umas fatiotas dos nossos pais e nós aí andavamos percorrendo as ruas e a divertirmo nos metendo nos com tudo e com todos
Agora o nosso carval tornou se uma competição a ver qual mostra as melhores mulheres descascadas e qual consegue dar a maior piada não importa a quem
é uma especie de campeonato
um abraço
Ó Luís claro que não tenho vergonha, mas também não sei o que aconteceu. Se não fizesse a observação eu nem me tinha apercebido. Já tentei inseri-la de novo, mas aparece-me a mensagem de que já sou seguidora do blog. Sinceramente não sei que se passou e olhe que não foi brincadeira de Carnaval...
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