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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

João Brandão

Olho por olho, e o mundo acabará cego .
(Mohandas Gandhi)



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Na Terça-Feira de Carnaval, estive entretida com a leitura de um livro que há muito tinha vontade de ler: "João Brandão" da autoria de J. Dias Ferrão.
Sabia que, nele se narravam algumas aventuras daquela personalidade complexa da Beira , passadas na nossa região. É de fácil leitura e os locais que tão bem conheço, desfilaram na minha mente em cada página que lia.

João Victor da Silva Brandão, natural do Casal da Senhora ( Midões) envolveu-se em lutas políticas e, se para uns foi considerado um herói, para outros não passou dum bandoleiro da pior espécie.



João Brandão e as suas milícias moveram uma feroz perseguição a um dos seus maiores inimigos políticos, João Nunes. Este era natural da aldeia do Casal dos Povos da Moura, antiga freguesia de Avô, ferreiro de profissão como os homens da família e casara com uma senhora da Várzea de Candosa. Por essa razão passou a ser conhecido por Ferreiro da Várzea. A sua divisa era: "Morrer ou matar João Brandão."
Não resisto a transcrever alguns excertos do livro em que se narra essa perseguição.
Esta cena iniciou-se na Catraia da Fonte Espinho, em casa do vendeiro José Nunes. Ali se esconderam alguns dos homens de João Brandão, à espera que por ali passassem o Ferreiro da Várzea e o irmão Miguel, que o acompanhava na sua fuga.

"... De repente, o Ferreiro largou a fugir e a gritar para o Miguel que fugisse também, porque estavam perdidos. Neste instante, os bandidos dispararam tantos tiros, que o dono da casa, cheio de susto, deitou-se no chão, e foi necessário que a mulher o fosse levantar, porque já se julgava sem vida, só com o estampido das detonações.
Desta descarga resultou que um tiro da carabina do Matos, mesmo a distância, partiu o braço esquerdo do Ferreiro, pelo antebraço, rés-vés com o cotovelo, continuando este sempre a fugir, sem largar a arma, até atingir o Galampo, que fica entre a Foz da Moura e o Sobral Gordo, se não estou em erro.Nesta altura já era noite cerrada, e já começava a sentir fortes dores no braço, o qual a aumentar de volume ia dificultar-lhe os movimentos, pelo que se viu obrigado a largar a carabina, que deixou sobre uma pedra para nunca mais a tornar a ver. E seguiu sempre a sua carreira até ao Sobral Magro.

Um outro tiro varou o bolso direito das calças de seu irmão Miguel, atravessando-lhe um lenço sem contudo o atingir, e sem que ele também afrouxasse a corrida.Porém, vendo-se quase alcançado pelos que vinham sobre ele, largou a arma ao pé da casa que pertencia a José António Lobo, de Avô, e foi esconder-se debaixo de um açude de madeira, mato e silvas, na Ribeira da Moura, ficando oculto por detrás da queda de água, na parte que estava em seco.

A caravana passou por cima do referido açude, em grande tropel, sem conseguir avistar o fugitivo, que assim se pode furtar às suas iras.

Cobriu-o a noite, com as suas vestes negras, salpicadas de estrelas brilhantes, como os antigos a representavam..."




- Sobral Magro, no passado -


Sobral Magro é a terra natal da minha falecida mãe e Sobral Gordo a de meu pai. As outras localidades de que se fala no texto são-me igualmente familiares e são-no também em relação a muitas das pessoas que visitam este meu blog.



Obrigada pela visita. Volte sempre.

4 comentários:

mdantaslages disse...

A personagem de João Brandão interessa-me sob vários aspectos mas há um que sobressai sobre os outros. Meu tetravó (João Nicolau Dantas) era natural de Balocas-Covas-Tábua,onde morreu em 1865. Tenho pesquisado bastante sobre este meu ramo familiar. Nessas pesquisas descobri que ele baptisou um dos filhos de Joa~Brandão. Será que a autora deste blog tem elementos sobre este facto ? Gostaria do seu contacto. Obrigado!

mdantaslages disse...

A personagem João Brandão interessa-me sob vários pontos.Um deles prende-se com o facto de depois de muitas pesquisas sobre o meu tetravô , João Nicolau Dantas, natural de Balocas-Covas-Tábua, onde morreu em 1865, ter baptisado um filho de João Brandão. Será que a autora deste blog tem sobre isso informações sobre esse facto. Agradecia o seu contacto. Obrigado!

Lourdes disse...

Nada sei sobre o seu tetravô. Os meus conhecimentos sobre João Brandão têm apenas a ver com o livro que tenho em meu poder e sobre as estórias que ouvia o meu avô contar, pois ele foi (ainda criança) uma das pessoas que conheceu o João Brandão. De resto nada mais sei.
Não sei se o seu interesse se refere a genealogia. Se fôr, talvez encontre alguma coisa de interesse nos registos paroquiais de Covas: http://etombo.com/paroquia/covas.html
Caso queira entrar em contacto comigo o meu e mail é: lourdesmartinho@gmail.com

Unknown disse...

Que conhecidencia o nome do meu pai e Joao Nunes Brandão.Me chamou a atenção esse desenho pela.semelhança física com meu pai,eu nem sabia desse livro!