As dez horas já tinham batido há algum tempo no relógio da torre da capela. O Largo da Barroca, aos poucos, ganhou movimento. De todas as ruas e escaleiras apareciam habitantes da aldeia que se vinham juntar à porta da loja do tio Pereira.
Na varanda de sua casa, a tia Maria observava as pessoas que chegavam e tentava perceber as conversas que se iam iniciando.
A criançada brincava na fonte, e o bebedouro dos machos era agora o palco das suas brincadeiras uma vez que estava vazio, porque no Verão a água escasseava.
A criançada brincava na fonte, e o bebedouro dos machos era agora o palco das suas brincadeiras uma vez que estava vazio, porque no Verão a água escasseava.
A dada altura, os miúdos desataram a correr fazendo uma grande algazarra e juntaram-se às mães. Os olhos de todos viraram-se para uma das esquinas onde apareceu a tia Urbana do Piódão, transportando o saco do Correio.
A tia Maria desceu e juntou-se a todos quanto que se encontravam no Largo e seguiram a tia Urbana para dentro da loja.
Todos se calaram expectantes. O tio Pereira, de óculos na ponta do nariz, tirou as cartas do saco e começou a ler cada endereço em voz alta.
Quando ouviu o seu nome, a tia Maria esboçou um sorriso, agarrou na carta e saiu apressada.
Era a mais velha das irmãs, cedo começou a ajudar os pais no campo e na educação dos irmãos e nunca aprendera a ler. Dirigiu-se então a casa da irmã mais nova para que ela lhe pudesse ler as notícias do seu homem, que se encontrava a trabalhar em Lisboa.
A tia Maria desceu e juntou-se a todos quanto que se encontravam no Largo e seguiram a tia Urbana para dentro da loja.
Todos se calaram expectantes. O tio Pereira, de óculos na ponta do nariz, tirou as cartas do saco e começou a ler cada endereço em voz alta.
Quando ouviu o seu nome, a tia Maria esboçou um sorriso, agarrou na carta e saiu apressada.
Era a mais velha das irmãs, cedo começou a ajudar os pais no campo e na educação dos irmãos e nunca aprendera a ler. Dirigiu-se então a casa da irmã mais nova para que ela lhe pudesse ler as notícias do seu homem, que se encontrava a trabalhar em Lisboa.
Esta era a altura do dia em que se sabiam as novidades de longe e, desta vez, a tia Maria também fora contemplada. Entusiasmada com as notícias, pediu à irmã que lhe escrevesse a carta de resposta. E lá ficaram as duas. Uma escrevia o que a outra lhe ditava.
" Espero que te encontres com saúde que eu e os meninos estamos bem graças a Deus... "
Terminada a escrita, a tia Maria voltou à loja do tio Pereira, comprou o selo que colou no envelope para, à tardinha, quando a tia Urbana regressasse com a correspondência do Piódão, a sua carta seguisse na volta do Correio.
" Espero que te encontres com saúde que eu e os meninos estamos bem graças a Deus... "
Terminada a escrita, a tia Maria voltou à loja do tio Pereira, comprou o selo que colou no envelope para, à tardinha, quando a tia Urbana regressasse com a correspondência do Piódão, a sua carta seguisse na volta do Correio.
Obrigada pela sua visita. Volte sempre.
Amiga Lourdes,
ResponderEliminarTambém escrevi muitas cartas para pessoas que até não me eram nada. Era como se partilhasse as suas vidas, uma espécie de "padre" que sabia e não dizia a ninguém nada de nada.
Lembro-me especialmente da minha ti-vó, meia irmã da minha mãe por parte da minha avó, muito mais velha que não sabia escrever, mas que era um verdadeiro doce e como ela me ditava as cartas.
Agora já não há cartas :(
Que pena.
Adorei recuar no tempo contigo.
Beijinho
Ná