terça-feira, 25 de maio de 2010

Um Soneto de Antero de Quental


A um Crucifixo

Há mil anos, bom Cristo, ergueste os magros braços
E clamaste da cruz: há Deus! e olhaste, ó crente,
O horizonte futuro e viste, em tua mente,
Um alvor ideal banhar esses espaços!

Por que morreu sem eco, o eco de teus passos,
E de tua palavra (ó Verbo!) o som fremente?
Morreste... ah! dorme em paz! não volvas, que descrente
Arrojaras de novo à campa os membros lassos...

Agora, como então, na mesma terra erma,
A mesma humanidade é sempre a mesma enferma,
Sob o mesmo ermo céu, frio como um sudário...

E agora, como então, viras o mundo exangue,
E ouvirás perguntar — de que serviu o sangue
Com que regaste, ó Cristo, as urzes do Calvário? —



Antero de Quental






Obrigada pela sua visita. Volte sempre.

4 comentários:

  1. Simplesmente maravilhoso Lourdes!

    Beijinhos,
    Ana Martins

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  2. E agora, como então, viras o mundo exangue, E ouvirás perguntar — de que serviu o sangue Com que regaste, ó Cristo, as urzes do Calvário? —


    Sempre belos estes versos de Antero de Quental

    Se não se acredita em Cristo e no Seu amor todo o seu sacrifício foi em vão.

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  3. Depois da manhã escrevo algumas palavras sobre a pastelaria bijou do calhariz

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  4. M.LOURDES
    Vim trazer...

    Os livros são algo bem presente e forte.
    Muito computador.
    Muita tecnologia...
    Mas os livros...
    O virar a folha,
    o beber as letras
    São para sempre

    Um beijo



    OS LIVROS


    Livros
    Muitos livros
    De várias lombadas
    Largos
    E finos
    Mas todos eles
    Meus amigos...
    Que me acompanham...
    Que me transportam
    A todo o lado.
    E que me fazem companhia...
    E quando me sento
    No meu canto
    Pego no livro que quero...
    Pego na historia mais linda
    E leio...
    E transporto-me...
    Também... para lá...

    LILI LARANJO

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