Não almejo despertar convicção. Almejo estimular o pensamento e perturbar preconceitos.
(Sigmund Freud)
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Continuo no Vale do Torno, onde há ainda poucos anos era impensável fazer esta fotografia em finais de Novembro.
- Os medronhos espalhados pelo chão -
- Porquê? - perguntarão.
A resposta é simples. Nesta altura do ano, já não havia medronhos nas árvores, muito menos no chão. Logo que amadureciam, eram apanhados para fazer a célebre aguardente de medronho pela qual o Vale do Torno era sobejamente conhecido.
Ali, lembrei-me do meu tio José Bento, homem bom e amigo, que frequentemente visitávamos. Lembro-me de o ver descer as escadas alegremente e dirigir-se à adega de sua casa, chamando o meu marido, para lhe mostrar o produção do ano.
Era inevitável. O Fernando não saía sem uma garrafinha da excelente medronheira que fazia.
- A casa onde viviam o tio José Bento e a tia Deolinda -
E agora, que já não está entre nós, recordo com saudade o ti Zé Bento e a tia Deolinda, ao fundo das escadas junto ao largo, ternurentos de lágrima rolando pela face, acenando-nos e dizendo:
- Vão com Deus, filhinhos.
- O medronheiro na povoação, mesmo à beirinha da estrada -
E ali, naquela povoação de gente tão afável, continuava a recordar. Por instantes, ali permaneci fotografando os medronheiros carregados, e pensando que os medronhos na árvore eram mais um sinal da desertificação das pequenas aldeias da serra do Açor.
Obrigada pela sua visita. Volte sempre.
São esses carinhos que os nossos antepassados, e amigos, do coração que nos deixam agarrados as raízes ao ´sitio onde nascemos...E também os familiares...
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